Líder indígena assassinado no Maranhão andava de colete e sofria ameaças há vários anos

Paulo Paulino Guajajara sofreu emboscada de madeireiros na sexta-feira junto do cacique Laércio Guajajara. "A luta continua, não vamos parar", afirmou Laércio

Paulo Paulino Guajajara - Foto: Mídia Índia
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Segundo o cacique Antônio Wilson Guajajara, da região de Araribóia, no Maranhão, o líder indígena Paulo Paulino Guajajara, assassinado por madeireiros na sexta-feira (1º), vinha sendo perseguido há vários anos em razão de sua atuação contra a extração de madeira ilegal, por meio do grupo Guardiões da Floresta. Paulino foi vítima de uma emboscada junto do cacique Laércio Guajajara, que sobreviveu.

"Ele era uma pessoa guerreira mesmo, mas vinha sendo ameaçado há muito tempo, já. Ele andava de colete, não andava desprotegido", declarou o cacique Antônio Wilson Guajajara ao jornalista Matheus Leitão, do G1.

O cacique conta que conheceu Paulino através do grupo Guardiões da Floresta, responsável por denunciar o desmatamento ilegal na Amazônia. "Nossa amizade era muito grande. Conheci muito ele e sua luta, em prol de todo mundo. Uma boa pessoa. Não media esforços para fazer a sua atividade. Fazia o trabalho de vigilância dentro de sua terra de coração, defendia o seu povo mesmo, com gosto”, lamenta.

Paulo Paulino foi vítima de uma emboscada realizada por um grupo de cinco madeireiros, que também deixou ferido o líder guardião da tribo, Laércio Guajajara. "Começaram a atirar, numa distância não muito longe, e aí ele [Laércio] foi tentando se esconder, mas foi atingido no braço e, quando se deu conta, que olhou pro lado, o Paulino já tinha sido alvejado no rosto e já estava no chão", contou à Agência Pública o cineasta Taciano Brito, que conversou com Laércio após o caso.

"Ele ainda tentou puxar o Paulino pra perto dele mas viu que ele já estava morto. Ele ainda ficou mais um tempo ali tentando se esconder, e o pessoal atirando até que ele correu para tentar fugir e foi atingido nas costas", disse ainda.

Sem intimidação

O cacique, que também integra o grupo de Guardiões, disse que eles não vão se intimidar. "A luta continua, não vamos parar. Mesmo que ele [Paulo Paulino] tenha morrido, mesmo que outros morram, enquanto tiver indígenas, enquanto tiver guerreiros, a luta vai continuar", declarou Laércio a Brito e à liderança indígena, Fabiana Guajajara, segundo reportagem de Thiago Domenici e Vasconcelo Quadros, da Agência Pública.