Indígena youtuber que Bolsonaro levou à ONU fala sobre sexualidade dos índios nas redes

Publicamente declarada conservadora e de direita, Ysani aborda temas como "índios e posições sexuais", "índio transexual" e "onde os índios fazem amor" em seu canal no YouTube

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Youtuber, conservadora, liberal e indígena, Ysani Kalapalo ganhou os holofotes do Brasil e do mundo após ser citada por Jair Bolsonaro (PSL) em seu discurso na abertura da 74ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nesta terça-feira (24). No YouTube, a indígena do Parque do Xingu fala sobre diversos temas polêmicos, como as queimadas na Amazônia, sexualidade e sobre ser de direita no universo indígena. Sobre sexualidade, Ysani coleciona uma série de vídeos que abordam diferentes aspectos do tema. Com chamadas diretas e sem pudor, é possível localizar em seu canal do YouTube vídeos sobre "índios e posições sexuais", "índio transexual", "tamanho do Pikachu dos índios" e "onde os índios fazem amor". Em um desses depoimentos, Ysani explica a seu público o porquê, em sua opinião, a vagina de mulheres não-indígenas possui uma anatomia diferente com relação às indígenas. Em outro, ela cita quais são as posições sexuais que os indígenas de sua aldeia praticam, ou ainda se os mesmos fazem sexo anal. Tais temáticas são selecionadas por ela conforme as dúvidas que seus seguidores mandam. Outra temática frequente em seus vídeos são curiosidades sobre a sua aldeia Tehuhungu, localizada no Parque do Xingu, no Mato Grosso. Ela explica quais são as suas tarefas diárias no local e os principais costumes de seu povo. Porém, a temática mais polêmica abordada por Ysani são os vídeos em que explica o porquê se considera uma indígena de direita. Em um vídeo de 15 minutos, publicado em maio deste ano, Ysani critica os brancos que dizem conhecer mais sobre sua cultura do que ela e diz que se decepcionou com a esquerda depois de começar a estudar a política brasileira. Ela também conta que, em sua opinião, pessoas de esquerda procuram benefícios próprios e, por conta disso, decidiu se aliar à direita. Ysani também alega que as pessoas de direita entendem mais de política e se solidarizam mais com as causas indígenas. Em outro vídeo, continuação deste, ela diz se arrepender de ter se autodeclarado feminista e conta que, hoje, se considera "humanista". Críticas Líderes da Associação do Território Indígena do Xingu (Atix), da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), da Associação Floresta Protegida (AFP) e da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) — entidade que agrega associações de todas as regiões do país e representa os 305 povos indígenas brasileiros - afirmaram que Ysani Kalapalo não tem representatividade no movimento indígena brasileiro. Ainda, as entidades repudiaram o discurso de Bolsonaro na ONU e defenderam o cacique Raoni Metuktire de críticas feitas pelo presidente. Lideranças foram ouvidas pela BBC News, em reportagem publicada nesta terça-feira (24).