Recordar é viver: Dallagnol foi "estrela" da XP Investimentos, que será processada por fraude nos EUA

A série Vaza Jato revelou que o procurador foi pago por uma "palestra secreta" da XP Investimentos, empresa que agora será processada por fraude contábil nos EUA

Deltan Dallagnol (Reprodução)
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A XP Investimentos, corretora financeira que é fruto de uma sociedade entre o empresário Guilherme Benchimol e o Itaú, será processada por fraude contábil nos Estados Unidos.

O processo será encampado por uma das maiores empresas de advocacia dos EUA, a Block & Leviton, e tem como base revelações feitas essa semana  site de investigações The Winkler Group, especializado em fraudes financeiras. Relatório publicado pelo site mostra que houve uma supervalorização de ativos da XP em R$ 44 milhões e discrepâncias de R$ 167 milhões no fluxo de caixa. A matéria fala ainda em "métodos contábeis questionáveis" para reduzir o pagamento de impostos.

Com a notícia de que uma das principais corretoras financeiras do mundo cometeu fraude, cabe lembrar que, com seu discurso moral contra a corrupção, o procurador Deltan Dallagnol foi "estrela" de uma palestra secreta da XP Investimentos em São Paulo, conforme revelou matéria do Intercept na série Vaza Jato.

Mensagens divulgadas na reportagem dão conta de que a empresa pagou pela palestra realizada em julho de 2018, que tinha como tema "eleições e Lava Jato". Nos diálogos, Deltan aparece trocando mensagens com Débora Santos, consultora jurídica e política da XP, que é casada com um procurador que era auxiliar de Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da república.

O convite foi feito a Dallagnol ainda no mês maio e o público que iria participar da reunião eram CEOs e investidores das empresas JP Morgan, Morgan Stanley, Barclays, Nomura Goldman, Sacha Merrill, Lynch Cresit Suisse, Deutsche Bank, Citibank, BNP, Paribas, Natixis Societe, Generale Standard, Chartered State Street, Macquarie Capital, UBS, Toronto Dominion, Bank Royal Bank of Scotland, Itaú, Bradesco, Verde e Santander.

Durante o período que esteve em São Paulo, Dallagnol teve à disposição um motorista particular, além de ter passagem aérea e hospedagem bancados pelo evento.