Faculdade que controla FMU e Anhembi Morumbi usa robôs para corrigir provas sem que alunos saibam

Professores da rede Laureate reconhecem uso de mecanismo de inteligência artificial, mas dizem que são orientados a dizer que são eles mesmos que corrigem os exames

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Uma reportagem realizada pela Agência Pública mostro que as faculdades da rede educacional Laureate no Brasil vêm utilizando um programa de inteligência artificial para corrigir as provas dos estudantes. Porém, essa situação não foi informada aos mesmos, pelo contrário, a instituição orienta os professores a dizer que são eles que corrigem os exames.

A reportagem conversou com alguns professores, que tiveram seus nomes mantido em sigilo, e que reconheceram que “os alunos não sabem, e assim somos orientados: não podemos informá-los e devemos responder às demandas como se fossemos nós, professores, os corretores”, segundo uma professora identificada como Silvana (nome fictício).

Outro professor, identificado como Jonas, explica que o corretor automático “compara a resposta do aluno, atribuindo uma nota de acordo com a identificação que considera correta a partir dessas palavras”. Jonas também diz que a nota é produzida automaticamente, mas só é divulgada dias depois, para que os alunos não percebam a utilização do robô.

Segundo a professora Lorena (nome fictício) “o estudante está sendo enganado (…) a impressão é que a gente está lá só para inglês ver. Só pra eles usarem os nossos títulos e poderem validar os cursos no MEC”.

Também mostra um documento interno obtido pela reportagem que avisa sobre o uso do corretor automático, que deixa bem clara essa determinação por parte da empresa. “Atenção: esta informação não deve ser compartilhada com os estudantes!”, diz o instrutivo entregue aos docentes.

Em resposta à reportagem, a Laureate alega que “acompanha e analisa as tendências do segmento educacional para disponibilizar à sua comunidade acadêmica o que há de mais moderno e inovador no mercado, incluindo a adoção de diversas tecnologias da informação e da comunicação, que apoiem as atividades pedagógicas e potencializem ainda mais a qualidade do ensino, como o uso de inteligência artificial”.

“A organização reforça que faz parte da autonomia universitária de suas instituições encontrar recursos para melhorar a aprendizagem de seus alunos, tendo o professor como parte fundamental nesse processo. Todas as decisões estão pautadas nas diretrizes do Ministério da Educação, bem como seguem em conformidade com a legislação brasileira em vigor”, continua o comunicado.