Salário mínimo tem menor poder de compra de cestas básicas em 17 anos

Piso nacional, elevado para R$ 1.100, equivale a 1,58 cesta básica de SP calculada pelo Dieese; essa proporção entre mínimo e cesta ficou maior que 2 entre 2009 e 2019

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O novo salário mínimo de 2021, de R$ 1.100, tem o menor poder de compra medido em cestas básicas desde 2004. Com esse valor, o trabalhador conseguiria comprar o equivalente a 1,58 do valor da cesta estimada pelo Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese) para São Paulo, que é de R$ 696,71. A proporção é igual à registrada em 2020, quando vigorou o primeiro salário mínimo definido pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido). Há 17 anos, o piso nacional era equivalente ao valor de 1,47 cesta.

Mas, naquele ano, havia uma diferença: estava em curso uma política do governo para valorizar o salário mínimo. Era a época do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que colocou em prática critérios que garantiam ganho real para o salário mínimo.

O Dieese publicou nesta segunda-feira (4) um estudo sobre o novo piso ainda levando em conta o valor de R$ 1.088 que tinha sido anunciado pelo governo federal. Ele acabou “arredondado” para R$ 1.100.

Ainda não dá para saber se o valor fixado por Jair Bolsonaro (sem partido) terá algum ganho real. Ele teve um reajuste de 5,26%. Usado como parâmetro para definir os novos valores do mínimo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulava alta de 5,2% nos 12 meses terminados em novembro. O resultado fechado de 2020 só sai na semana que vem.

Mas é possível dizer que, com os reajustes que Bolsonaro e sua equipe econômica, liderada por Paulo Guedes, concederam ao piso, ele deixou de ser equivalente a mais de duas cestas básicas. Isso não aconteceu em nenhum ano entre 2009 e 2019, segundo o estudo do Dieese.

Até mesmo nos anos do governo direitista de Michel Temer (MDB), a proporção tinha ficado acima de dois. Em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, o valor que vigorou tinha sido fixado por Temer.