Clã da mentira: após Carluxo, Eduardo endossa fake news do pai sobre Aids e vacina

Contorcionismo retórico infantil dos filhos do presidente procura induzir à ideia que a bizarra história que liga imunização contra a Covid ao vírus HIV, dita em live, tem algum fundo de verdade. Eles atribuem "informação" à imprensa

Foto: Redes sociais
Escrito en BRASIL el

É impressionante a disposição dos filhos de Jair Bolsonaro em defender as ações e falas mais absurdas do pai. Após o episódio bizarro em que o presidente da República disse numa live transmitida pelas redes sociais que a vacinação contra a Covid-19 faz com que imunizados com as duas doses desenvolvam Aids, seus rebentos seguem promovendo um contorcionismo retórico infantil para tentar, de alguma maneira, dar razão ao chefe do clã diante de uma mentira esdrúxula e repudiada em todo o planeta.

"Mais um dia em nossa imprensa… Após o presidente ler a primeira matéria em live, a revista publicou texto dizendo que seu próprio conteúdo é mentiroso", diz a postagem do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), no Twitter, fazendo menção à Revista Exame.

Não se sabe exatamente onde o parlamentar filho do presidente quer chegar com a mensagem, já que a informação é absolutamente falsa. Se a intenção é imputar a notícia mentirosa à Exame, o tiro parece ter saído pela culatra, já que inúmeros internautas lembraram que seu pai não retirou essa ligação entre HIV e vacina do referido veículo, mas sim de uma famosa página de fake news em inglês muito utilizada pelo bolsonarismo.

"Deputado Eduardo Bolsonaro, novamente vossa excelência MENTE! Seu pai NÃO LEU a matéria da revista Exame citada em seu tweet. Ele leu a matéria MENTIROSA de um site chamado "Before It's News" que é conhecido por espalhar fake news. Não adianta tentar mudar os fatos", rebateu o perfil Desmentindo Bolsonaro, que tem 249 mil seguidores.

"Instabilidade econômica, debandada do Ministério da Economia, Guedes a favor do rombo no teto, disparada de preços da Petrobrás e etc. Cortina de fumaça e a certeza da impunidade (alguém é bem pago para isso)", atacou um outro.

"O mau-caratismo nessa Familícia é hereditário", opinou uma internauta.

Carluxo também referenda mentira

O vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), conhecido por suas teses estapafúrdias e pelo texto prolixo e incompreensível, já havia ido às redes, no domingo (24), para tentar defender o pai diante do escândalo da fake news da vacina que provoca Aids. Ele usou o mesmo argumento falso que o irmão Eduardo, imputando a informação sem nexo à Revista Exame, mesmo com a confirmação na própria live presidencial de que a informação mentirosa tinha sido extraída do site "Before It's News".

"A que nível chega o $istema: o 'meio de comunicação do bem' chamado Exame divulga a informação e o atacado é quem leu sua matéria! O alvo será a revista ou o leitor? Precisa responder? Tem método!", postou o vereador que comanda as redes sociais do chefe de Estado brasileiro, com o habitual texto quase ininteligível.

Os seguidores também não deixaram por menos e retrucaram a tentativa de dar algum crédito à inverossímil história propaganda por seu pai.

"Cara, cê é podre mesmo… mas lembre-se que, diferentemente de seu gado, aqui tem gente que sabe ler e pensar", disse um.

Outro usuário advertiu Carluxo que, mesmo que versão do pai tivesse sido extraída da edição da Exame, a informação que consta na matéria da revista brasileira não tem qualquer relação com a versão apresentada por Jair Bolsonaro na transmissão da última quinta (21).

"Meu caro vereador do Planalto, o senhor é analfabeto ou só sentiu preguiça de ler a matéria? E se for um assessor usando a conta, você não sente vergonha por fazer um trabalho sem se dignar a passar por uma triagem antes de publicar?", respondeu.