Vídeo: Homem pede, aos prantos, ajuda para comprar comida em BH

"É tudo que eu preciso, de ajuda”, afirma em um megafone. Ele relata estar desempregado há 10 meses, sem água em casa

Reprodução/Twitter O Tempo
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Foi registrada neste domingo (14) mais uma cena de desespero devido ao desemprego e a fome que assolam o Brasil.

Um homem não identificado pedia, aos prantos, com um megafone, ajuda para comprar comida em ruas do bairro Belvedere, de classe alta, na região Centro-Sul de Belo Horizonte

“É tudo que eu preciso, de ajuda. Só quero um pouquinho, caralho. Não tenho dinheiro para comer”, afirmava. Ele relatava estar desempregado há 10 meses, sem água em casa.

Chorando, ele repetia que teve o abastecimento de água cortado e só conseguia tomar banho devido à ajuda de um vizinho, que disponibilizou uma mangueira que fica, segundo ele, pendurada entre os muros das casas.

https://twitter.com/lucasnegrisoli/status/1459965876141269005?s=20

A cena foi flagrada pela jornalista Aline Reskalla, que encaminhou o vídeo ao jornal O Tempo. Ela conta que, quando tentou encontrá-lo e levar alguma ajuda, o homem já tinha saído de sua rua. Algumas pessoas que passavam pela região ofereceram doações a ele, que, pelo amplificador, agradecia e repetia os nomes.

"É fome! Por favor, é fome!"

No início deste mês, viralizou nas redes sociais um vídeo que mostra um homem entre prédios em Brasília (DF) gritando para as janelas e implorando aos moradores por um pouco de comida.

“Tenho família, filhos, meu nome é Marcos. Alguém tem um pouco de arroz, leite? É fome! Por favor, é fome!”, diz o homem, desesperado.

As imagens foram gravadas pelo jornalista Carlos Alberto Jr. que, ao divulgá-las nesta terça-feira (2), afirmou que a cena tem se repetido semanalmente.

“Essa cena tem se repetido toda semana aqui na quadra. Famílias famintas param embaixo dos blocos e pedem qualquer tipo de ajuda. Esse rapaz se apresenta como Marcos e grita: ‘É fome!’. Eu nunca havia presenciado isso na vida!”, escreveu.

Fome no Brasil

Pesquisa divulgada em outubro pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN) revela que, no período abrangido pelo levantamento (5 a 24 de dezembro de 2020), apenas 44,8% dos lares tinham seus moradores e moradoras em situação de segurança alimentar, ou seja, 55,2% dos lares conviviam com a insegurança alimentar, um aumento de 54% desde 2018 (36,7%).

Em números absolutos, 116,8 milhões de brasileiros não tinham acesso pleno e permanente a alimentos, desses, 43,4 milhões (20,5% da população) não contavam com alimentos em quantidade suficiente (insegurança alimentar moderada ou grave) e 19,1 milhões (9% da população) estavam passando fome (insegurança alimentar grave).

O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 foi realizado em 2.180 domicílios nas cinco regiões do país, em áreas urbanas e rurais, entre 5 e 24 de dezembro.