Pela primeira vez na história, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional paulista, elegeu uma mulher para o cargo. Na noite desta quinta-feira (25), a criminalista Patricia Vanzolini, de 49 anos, venceu o pleito, e comandará o órgão no próximo triênio (2022 - 2024).
Em uma disputa acirrada, ela venceu o atual presidente da entidade, Caio Augusto Silva dos Santos, candidato a reeleição. Vanzolini obteve 64.207 votos (35,80%), Caio Augusto Silva dos Santos, 58.821 votos (32,79%); e Dora Cavalcanti, 18.351 votos (10,23%).
"Hoje é um capítulo importante na minha vida e na história da OAB/SP, em 91 anos de instituição serei a primeira mulher a presidir a Ordem. Só tenho a agradecer os mais de 62 mil votos de confiança que recebemos da advocacia paulista por todo o Estado. O interior e a capital se uniram pela mudança e a partir do dia 1º de janeiro de 2022 a Ordem será de todas as advogadas e advogados", escreveu a magistrada após a vitória em sua página no Twitter.
Influência política e impeachment de Bolsonaro
Apesar de ser apoiada por Marcos da Costa, que foi candidato a vice-prefeito em 2020, na chapa de Celso Russomanno, Vanzolini garante que não recebe influência política.
Em entrevista ao Estadão, a criminalista não falou abertamente se apoia ou não o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido). Para ela, há centenas de pedidos parados com o presidente da Câmara, "que precisam ser processados, discutidos e, garantida a ampla defesa, julgados".
"Há sérias acusações quanto à gestão da pandemia, muitas delas resultado da CPI do Senado, que precisam ser investigadas em profundidade. Defendemos que é preciso aprimorar as regras do processo de impeachment para evitar que apenas uma pessoa, o Presidente da Câmara, seja responsável pela decisão de seu andamento", disse Vanzolini.
Ao ser questionada se acredita que a OAB Nacional deve assumir um posicionamento de isenção ou oposição ao atual governo em 2022, respondeu que a OAB deve, independente de qualquer governo, "assegurar a continuidade democrática e o Estado de Direito e, portanto, agir contra toda ameaça a esses".