Vereadora Benny Briolly, de Niterói (RJ), recebe nova ameaça de morte

Primeira travesti eleita no estado do Rio de Janeiro, ela pediu proteção às autoridades fluminenses e protestou nas redes. “Eu tenho direito de viver, tenho direito de exercer minha atividade parlamentar”

Foto: Vereadora Benny Briolly (PSOL/Reprodução)Créditos: Reprodução/ redes sociais
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A vereadora de Niterói Benny Briolly (PSOL), a primeira travesti eleita do estado do Rio de Janeiro, recebeu uma nova ameaça de morte neste domingo (19). A parlamentar, que já registra uma série de ameaças, dessa vez foi surpreendida por uma mensagem no seu e-mail institucional da Câmara Municipal que não deixa margem para outro entendimento: "Já estou contando as balas".

Desta vez, as ameaças e insultos se intensificaram após a realização do Festival das Encruzilhadas no Quilombo Urbano Xica Manicongo, em Niterói, do qual a vereadora é uma das idealizadoras e que contou com a participação de alunos de escolas municipais. Foi por conta da visita e presença das crianças que a nova onda de ódio começou.

“Foi uma atividade sobre a nossa ancestralidade, e recebi um grupo de crianças de uma escola, numa visita onde também estavam algumas figuras artísticas. E esse grupo começou a sofrer ataques de racismo religioso”, explicou Benny.

Na porta da Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) nesta segunda-feira (20), a parlamentar gravou um vídeo para suas redes sociais e desabafou sobre as dificuldades que vem encontrando para cumprir seu mandato em decorrência do ódio e das ameaças persistentes.

“Tô passando por aqui pra dizer que, eu e a minha equipe, já estamos aqui em frente à Decradi, infelizmente mais uma vez para registrar mais uma vez uma ameaça de morte, e pra ver se algo é feito, se acontece algo, porque eu, como mulher preta, favelada, parlamentar, eu tenho o direito de viver, eu tenho o direito de exercer o meu ofício como parlamentar e continuar viva”, protestou.

Histórico de ameaças graves

Em maio desse ano, a parlamentar precisou sair do país depois que uma ameaça especificamente, entre tantas, a deixou temerosa. O criminoso mostrou que sabia o endereço residencial da vereadora e disse que iria matá-la. “Essa prática é fruto da estrutura patriarcal e racista que desumaniza nossos corpos e teme o avanço do nosso projeto político de transformação da sociedade”, disse à época a vereadora, por meio de uma nota de sua assessoria.

Desde que foi eleita, Benny já sofreu uma série de violências. Em dezembro de 2020, antes de ser empossada, Benny esteve no parlamento para acompanhar uma sessão. Na ocasião, um grupo de bolsonaristas liderados pelo também eleito Douglas Gomes se reuniu na frente da Câmara Municipal. No microfone, o referido vereador incitava seus eleitores a atacar a vereadora Benny. Sob xingamentos e ameaças, a parlamentar eleita precisou ser retirada da Câmara escoltada pela Guarda Municipal, que foi acionada por outros vereadores para assegurar sua integridade física.