Vaticano afasta responsável pelo Mosteiro de São Bento após denúncias de pedofilia

Jovens relataram ao Fantástico que eram vítimas de abusos sexuais que iam desde assédios verbais até toques. Caso é investigado pelo Ministério Público

Foto: Reprodução/Google Maps
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As denúncias de assédio feitas por jovens a religiosos do Mosteiro São Bento, um dos mais tradicionais de São Paulo, chegaram até o Vaticano. Segundo reportagem veiculada pelo Fantástico neste domingo (5), a sede da Igreja Católica afastou o abade responsável pelo mosteiro e colocou um interventor no comando do local.

Os crimes foram relatados em 2019 por duas vítimas e são investigados pelo Ministério Público, que determinou o prosseguimento de uma ação penal contra os monges Rafael Bartoletti, conhecido como irmão Hugo, Marcílio Miranda Proença, chamado de Dom Francisco, Josiel Amaral e Dom João Batista. Dom Francisco morreu em 2020 de Covid-19.

Os assédios iam desde verbais e por mensagens de texto até toques. Um dos jovens relatou que os abusos começaram quando ele tinha apenas 16 anos e o sonho de ser seminarista. O primeiro a assediá-lo foi Irmão Hugo.

"Ele veio na minha direção e começou a me forçar pra baixo para um ato de sexo oral. Eu tirei a mão dele, aí eu fiquei um pouco nervoso, falei pra ele que queria sair de lá, queria voltar pra onde estavam os outros meninos, e ele foi e falou: 'calma'. Abriu a porta, e me levou de volta", contou o jovem.

Outro rapaz que trabalhava como alfaiate foi vítima dos abusos quando tinha 17 anos. Por troca de mensagens, Irmão Hugo o assediou com elogios, pedidos inapropriados e até mesmo enviou uma foto sem camisa. Ele alegou que pediu ajuda ao monge Marcílio Miranda Proença, chamado de Dom Francisco, mas que, em vez de tomar providências, o sacerdote também passou a assediá-lo.

"Eles tentavam tocar na gente e depois falavam que era sem querer. E os irmãos, eles tinham uma brincadeira de falar que eu era a empregada, eles usavam sempre no feminino, empregada... como eu sou nordestino, eles me chamavam, a nordestina, então eles faziam muito dessas piadinhas", relatou a vítima, que tentou suicídio após os abusos.

Em nota enviada ao Fantástico, o Mosteiro de São Bento afirmou que os acusados foram afastados e respondem perante a lei civil e à Justiça eclesiástica. A instituição religiosa também disse que repudia os desvios de conduta, manifestou tristeza e solidariedade e pediu desculpas às vítimas e seus familiares. A defesa de Rafael Bartoletti não comentou o caso, mas afirmou à TV que o monge comprovará a inocência. Os outros acusados não quiseram se manifestar na reportagem.