Inspirado em ação do padre Júlio, grupo quebra pedras sob viaduto que abriga sem teto em Porto Alegre

No mesmo ato, Cozinheiros do Bem distribuíram cestas básicas a moradores de rua e flores a quem passava no local

Ativista mostra bloco arrancado a marretada sob viaduto em Porto Alegre (Foto Carmem Freitas/Divulgação)
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Um grupo que realiza trabalhos sociais com a população de rua de Porto Alegre foi para quebrou algumas pedras colocadas sob um viaduto da capital gaúcha para afastar essa população do local nesta sexta-feira (12). Os Cozinheiros do Bem – Food Fighters se inspiraram em ação semelhante do padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral de Rua de São Paulo. E, assim como o religioso paulistano, distribuíram flores a quem passava, para trocar “pedras por flores”.

O ato aconteceu sob o viaduto da Conceição. O local já é alvo de ações do grupo, que realiza trabalhos sociais ali. Além das pedras quebradas e das flores, os ativistas ainda deram cestas básicas e kits de higiene aos moradores de rua que se abrigam no lugar. Além da retirada de alguns blocos de concreto, o coletivo ainda cobriu a calçada com flores.

Ativista quebra pedra instalada sob viaduto em Porto Alegre (Foto Diego Callovi/Divulgação)

Segundo Julio Ritta, chef ativista e idealizador do coletivo Cozinheiros do Bem-Food Fighters, a ação teve caráter simbólico, para chamar a atenção para a população de rua da cidade. “Temos 7 mil pessoas em situação de rua em Porto Alegre e 400 vagas de albergue. É uma conta que não fecha”, afirmou.

Ritta disse que a ideia é despertar as autoridades para a possibilidade de abrir mais vagas em albergues ou incluir essa população em programas de aluguel social, dar de fato um acolhimento a elas. Além disso, a distribuição de flores teve a intenção de despertar um “olhar mais humano, mais de amor” para essas pessoas.

Trabalho de cinco anos

O coletivo existe há cinco anos e atende em média a mil pessoas a cada ação que promove. Nesse período, já distribuiu mais de 1,3 milhão de marmitas. Além de pessoas em situação de rua, eles também realizam trabalhos em cinco instituições, como creches e asilos, e duas aldeias indígenas.

Ritta não esconde a admiração e a inspiração em seu xará. “Em 2018, eu já tinha arrancado algumas pedras. Quando vi o que ele estava fazendo, bateu muito forte. E pensei: ‘Alguém está fazendo a mesma coisa, e é meu ídolo master’”, disse. Ele conta que conversou com o religioso sobre a ação.

E o padre Júlio publicou foto da ação em seu Instagram nesta sexta-feira.