“Seja Bem Vindx”: MEC retira texto com linguagem neutra após pressão de evangélicos

Lideranças religiosas que pressionaram pela alteração do material, aproveitaram a ocasião para criticar o ministro da Educação e a recém-empossada presidenta da Capes, que é vista como “esquerdista”

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A utilização de linguagem neutra - estratégia política do movimento LGBT para romper com o binarismo de gênero - em material de divulgação do programa Qualifica Mais, do Ministério da Educação, deflagrou uma nova crise entre o ministro da Educação, Milton Ribeiro, que é um pastor presbiteriano, com as alas mais conservadoras da igreja evangélica.

O pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) usou a sua conta no twitter para criticar a utilização do pronome neutro. "Reitero que continuo apoiando o nosso PR Jair Bolsonaro! Mas com bem diz o querido irmão Pastor Malafaia, aliado não é alienado! Não posso fechar os olhos para o que está acontecendo no Ministério da Educação. Fui eleito para defender a igreja e a família", disse o pastor e deputado Feliciano.

https://twitter.com/marcofeliciano/status/1385656951758065670

O deputado e também pastor evangélico, Otoni de Paulo (PSC-RJ), criticou o uso da linguagem neutra e criticou a nova presidenta da Capes, Claudia Mansini.  

"Até algumas horas atrás o MEC dava BEM-VINDX aos brasileiros que acessavam o site. Não me venham com erro de digitação. Quem teve a coragem de digitar pronome neutro em site oficial do governo? Não basta a nomeação de uma esquerdista para o CAPES q até ontem falava contra o PR?", criticou Otoni.

https://twitter.com/OtoniDepFederal/status/1385641067584839687

Após pressão dos setores evangélicos que apoiam o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), o Ministério da Educação retirou a linguagem neutra do material. Em nota, o Ministério afirmou que o material foi produzido externamente e que, assim que tomou conhecimento solicitou "imediatamente" a "correção" do texto.

O grupo conservador que pressionou para que a redação do material fosse alterada, aproveitou para, novamente criticar a nomeação de Claudia Mansini à presidência da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão que é dedicado à pós-graduação. Para este grupo, Mansini é "esquerdista" que apoia pautas LGBT e a metodologia de Paulo Freire.