Família Pazuello teria ligação com milícias de Manaus, diz site

O general tem pretensões políticas no estado do Amazonas e conta com o apoio de bolsonaristas locais para uma candidatura a governador ou uma vaga no Senado

Eduardo Pazuello (Foto: Alan Santos/PR)
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O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello é investigado criminalmente pelo Ministério Público Federal (MPF) por responsabilidade na crise no fornecimento de oxigênio para o Amazonas, em especial Manaus. Mas, a história de Pazuello com Manaus é longa e familiar.

Levantamento do observatório De Olho Nos Ruralistas revela um histórico que inclui negócios de sua e outras famílias poderosas e a acusação contra um de deus irmãos de participação e um esquadrão da morte que atuou em Manaus em meados dos anos 1990.

Apesar da trágica atuação de Pazuello, quando ministro da Saúde, no estado do Amazonas no combate ao coronavírus e na crise do oxigênio, o general tem pretensões política no estado e conta com o apoio de bolsonarista locais para uma candidatura a governador ou uma vaga no Senado.

Todavia, a ligação do general com a política na região não é nova: ele foi secretário da Fazenda de Roraima em 2018, quando o então governador eleito Antonio Denarium (PSL) assumiu o cargo antecipadamente como interventor. Para as suas pretensões, o general deve ter o apoio e o empenho da elite local, da qual sua família faz parte há muitas décadas.

A família Pazuello possui forte relação com outra família, o clã dos Sabbá, um dos mais poderosos da Amazônia. Ambas as famílias são de origem judia sefardita, migrantes que deixaram Marrocos no início do século XX. As duas famílias participaram ativamente dos ciclos de exploração dos recursos naturais da região ao longo do período: do ciclo da borracha à ocupação promovida pela ditadura em 1964.

Pazuello é sócio dos irmãos em várias empresas. No ano passado, ele se tornou sócio da J.A. Leite Navegação, um dos expoentes da logística nos rios da região. A empresa pertencia ao seu pai Nissim Pazuello, que morreu em 2018. Quando Nissim a adquiriu, em 1968, a companhia já era uma das mais fortes de atuação no setor, criada no século XIX durante o ciclo da borracha. À época, o Brasil vivia os anos do chumbo, com apoio direto do clã às políticas dos generais e de Roberto Campos, o primeiro ministro do Planejamento da Ditadura.

Grupo de extermínio

Alberto Pazuello, irmão e sócio do ex-ministro, foi acusado de participar nos anos 90 de "A Firma", um grupo de extermínio que atuava em Manaus. O grupo contava com a participação de policiais civis e militares e o apoio ou conveniência de autoridades da segurança pública estadual, os primeiros esquadrões da morte surgiram durante a ditadura e foram precursores do que hoje se chama de milícias.

Em 1996, o irmão Pazuello virou notícia no Estadão: "Sexo, drogas e videoteipe. Assim vivia o empresário Alberto Pazzuelo, 42 anos, em sua residência, numa área nobre de Manaus, com adolescentes mantidas em cárcere privado. Elas eram atraídas com anúncios em jornal oferecendo R$ 350 para copeiras e domésticas".

Alberto Pazuello foi para o presídio sob a acusação de porte de drogas e de armas, estupro, atentado violento ao pudor e cárcere privado. Esta era a segunda que o irmão de Eduardo Pazuello era preso.

Aém de irmãos, o empresário e o general são sócios em pelo menos três empresas, duas fundadas e uma adquirida pelo pai deles, o empresário Nissim Pazuello: a J.A. Leite Navegação, a Petropurus Representações e Comércio de Petróleo (uma rede de postos de combustível) e a N Pazuello E Cia Manaus. Além deles, outros irmãos e parentes têm participação nos negócios.

A J. A. Leite foi criada em 1966, mas a última entrada de Eduardo e Alberto Pazuello na sociedade ocorreu no ano passado. O mesmo ocorreu com a N. Pazuello e Cia, criada pelo pai Nissim Pazuello. Em novembro de 1971, Nissim e os filhos — entre eles Eduardo e Alberto Pazuello — apareciam como sócios da S.B. Sabbá – Crédito, Financiamento e Investimento S/A., controlada por Samuel Benayon Sabbá.

Em uma ata, a família aparece representada na empresa por Artur Soares Amorim, chefe de gabinete do ministro do Planejamento, Roberto Campos, durante o governo Castello Branco. Era o início da ditadura no Brasil — o regime apoiado pelos clãs Pazuello e Sabbá — e as famílias multiplicavam seus tentáculos empresariais.

Com informações do site De Olho nos Ruralistas

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