Após indicar livros progressistas, padre Júlio Lancelotti sofre ataque de "milícia católica"

Padre sofreu "bombardeio" de mensagens agressivas, ligações e ameaças no WhatsApp. Após foto com Lula, ele também foi atacado por Bolsonaro

Padre Julio Lancellotti - Foto Reprodução
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O padre Júlio Lancellotti relata ter sofrido um ataque virtual, com "bombardeio" de montagens e mensagens agressivas, após ter indicado livros progressistas em uma celebração religiosa e em suas redes sociais. O padre conta que, nesta segunda-feira (31), os ataques se intensificaram e ele chegou a receber ligações e ameaças no WhatsApp.

Segundo ele, as agressões partem de jovens católicos que fariam parte de uma milícia. "Manipulam e invadem em nome de um deus cruel e opressor", disse o padre ao jornal Folha de S.Paulo. "Hoje o dia foi denso e tenso", completou.

Entre os livros indicados estão "O Deus das vítimas", de Edevilson de Godoy, "Teologia e os LGBT+", de Luís Corrêa Lima, e "Deus e o mundo que virá", uma conversa do papa Francisco com o vaticanista italiano Domenico Agasso.

"Católicos falsificarem imagem e produzirem fakes por ódio é lamentável. Além de crime", denunciou o padre. Em um dos ataques, segundo a Folha, o grupo fez uma montagem para trocar a capa do livro "Teologia e os LGBT+" por uma sobre catecismo anticomunista.

Ataque de Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro também atacou Lancelotti nos últimos dias. Após o padre aparecer em foto com o ex-presidente Lula, o mandatário questionou a integridade do religioso. "Colocam o Lula com um padre pensando que fosse um padre realmente sério, responsável", disse.

Em resposta, Lancelotti pediu bênçãos a Bolsonaro. "Todas as pessoas são necessitadas das bênçãos de Deus. A ninguém deve ser negado este gesto de fé e de carinho pastoral. Os ministros religiosos são instrumentos a benção é de Deus", afirmou.

"O Sr. Exmo. Presidente seja abençoado também e seja sinal de vida e esperança para o nosso povo, principalmente neste momento de tanta dor e sofrimento", completou.

A visita de Lula ao padre ocorreu na última terça-feira (25). Na ocasião, o petista declarou que “dar emprego, comida e moradia aos pobres não custa nada para o Estado”. Ele disse, ainda, que a busca pela cidadania dessas pessoas é que o fez querer voltar à presidência.