Mourão e comitiva torraram, no mínimo, R$ 380 mil de dinheiro público na viagem a Angola

Os valores devem ser ainda maiores, já que os custos com uso de aviões da FAB foram omitidos em pedido via Lei de Acesso à Informação; vice-presidente foi a Angola para interceder pela Igreja Universal no país africano

Foto: Romério Cunha/ VPR
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O gasto de dinheiro público na viagem que Hamilton Mourão fez a Angola, em julho, para interceder pela Igreja Universal no país, é ainda maior do que o inicialmente divulgado.

A princípio, calculava-se um gasto em torno de R$340 entre passagens, diárias e seguro viagem a todos os integrantes da comitiva. Esse valor, no entanto, é na verdade, no mínimo, de R$380 mil.

É que mostram informações da vice-presidência da República obtidas via Lei de Acesso à Informação (LAI), nesta quinta-feira (5), após solicitação do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP).

O parlamentar pediu ao órgão a lista completa de integrantes da comitiva que viajaram com Mourão, bem como as atas das reuniões realizadas no país africano e os gastos totais.

A vice-presidência, então, detalhou: foi gasto um montante de R$ 216.9995,86 somente com as diárias de Mourão e dos servidores que o acompanharam na viagem. Esse valor foi repassado antecipadamente pelo Ministério das Relações Exteriores.

Os valores gastos com passagens da comitiva chegam a R$ 156.244,6, enquanto R$ 7.051,59 foram desembolsados de recursos públicos para pagar o Seguro Viagem do vice-presidente e dos servidores.

Todos esses gastos totalizam em torno de R$380 mil.

O custo total da viagem de Mourão, no entanto, deve ser ainda maior, já que a vice-presidência não informou, na resposta a Ivan Valente, os custos com aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) envolvidos na agenda. Normalmente esses são os gastos mais elevados.

Ao menos 17 servidores acompanharam o vice-presidente na "Missão Universal" em Angola.

Missão Universal

Ivan Valente protocolou no dia 20 de julho, junto à Procuradoria-Geral da República (PGR), uma representação contra o vice-presidente Hamilton Mourão.

O parlamentar quer que o órgão investigue crimes de improbidade e advocacia administrativa supostamente cometidos pelo general durante sua viagem a Angola.

Mourão foi ao país africano para XIII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O principal objetivo da viagem do vice-presidente, de acordo com ele mesmo, no entanto, seria “pacificar” a situação da Igreja Universal em Angola. A igreja de Edir Macedo sofre processos judiciais e foi expulsa do país africano por lideranças religiosas locais.

Na representação, Ivan Valente detalha os problemas enfrentados pela Universal em Angola, como acusações de lavagem de dinheiro, sonegação de impostos e racismo. O parlamentar ainda destaca que templos foram fechados e pastores deportados.

Segundo o psolista, Mourão, ao tentar ajudar a Universal em Angola, “lançou mão da legitimidade, das prerrogativas e da estrutura material a serviço do cargo que ocupa para defender interesse privado”.

“A conduta é motivada por interesses políticos, tendo como objetivo reforçar o arco de alianças do Presidente da República, num momento em que sua popularidade derrete em razão do Genocídio em curso no país, situação que acaba fragilizando sua base de apoio”, analisa Valente.