Bolsonarista que amarrou e espancou quilombola diz que faria de novo

Em áudio obtido pela Fórum, o comerciante Alberan Freitas afirma que voltaria a linchar "quantas vezes for preciso"; ouça

Luciano Simplício foi agredido e amarrado pelo bolsonarista Alberan Freitas | Reprodução
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O comerciante bolsonarista Alberan Freitas, que amarrou e espancou o homem quilombola Luciano Simplício, não está arrependido da agressão. Em áudio difundido nesta segunda-feira (13), o homem afirma que faria tudo outra vez.

"Nada demais, isso é só movimento. Isso já era esperado, não estou arrependido não. Para defender o que é meu, eu faço. Fiz e faço quantas vezes for preciso", disse Freitas em áudio obtido pela Fórum.

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Quilombola foi linchado pelo bolsonarista

Luciano teria jogado pedras no mercado de Alberan em reação a ataques verbais feitos pelo bolsonarista. O comerciante, entao, decidiu amarrar o homem e arrastá-lo pelo chão. Imagens mostram ainda o bolsonarista pisando em Luciano, que implora por ajuda.

Os dois foram levados pela Polícia Militar à Delegacia de Pau dos Ferros, onde o delegado de plantão, Paulo Pereira, autou Luciano por depredação e Alberan somente por lesão corporal. As investigações seguem na Delegacia de Portalegre.

Segundo informações obtidas pela Fórum, Luciano é quilombola e está em situação de rua desde que perdeu os pais.

A Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), a Ouvidoria do Governo do Rio Grande do Norte e a Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Rio Grande do Norte (Coeppir) acompanham o caso.

“A Conaq está acompanhando o caso, estamos com nossos advogados, orientando e dando todo o apoio. A Conaq enxerga isso como uma reprodução da escravatura. Aquele homem branco, que vem de uma família de coronel, se sentiu no direito de fazer aquilo com um homem negro. A gente vê como uma reprodução da escravatura, como uma racismo muito cruel”, afirmou Aércio de Lima, da coordenação nacional da Conaq, à Fórum.