Lobista da Precisa Medicamentos cobrava por indicação a cargos no governo Bolsonaro

Marconny Albernaz pedia um “incentivo”, que variava de R$ 25 mil a R$ 400 mil, para indicar nomes a postos cuja nomeação é privativa do presidente. Um dos que pagaram conseguiu o cargo, mas foi preso logo depois

Foto: Brasil247 (Reprodução)
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A CPI do Genocídio descobriu, por meio da quebra de sigilo de mensagens de WhatsApp obtida com autorização judicial, que o lobista Marconny Albernaz Faria cobrava “taxas de incentivo” para indicar pessoas a cargos na administração federal cujas nomeações eram privativas do presidente Jair Bolsonaro.

Investigado por supostamente atuar em nome da Precisa Medicamentos, empresa acusada de cometer ilegalidades no contrato que tentou importar doses da vacina indiana Covaxin para o Ministério da Saúde, Albernaz já havia sido flagrado em diálogos com e ex-esposa de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, negociando a nomeação de um indicado para o cargo de chefe da Defensoria Pública da União (DPU), que acabou não se concretizando.

Os recentes diálogos obtidos pelos senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito mostram que Marcio Roberto Texeira Nunes pagou R$ 400 mil a Marconny Albernaz para conseguir a nomeação para um cargo no Instituto Evandro Chagas (IEC), subordinado ao Ministério da Saúde. Só que o “comprador” não teve muita sorte, já que poucos meses depois de assumir ele foi preso numa operação da Polícia Federal que investigava um esquema de propina que movimentou R$ 1,6 milhão no Pará.

Marconny Albernaz ia pedindo o dinheiro em cada etapa do processo que levaria o nome do interessado até o conhecimento do presidente da República. No caso de Teixeira Nunes, só a primeira conversa, custou R$ 25 mil. Cada novo passo no esquema tinha um preço, totalizando os R$ 400 mil pagos pelo homem que finalmente conseguiu o desejado cargo no IEC.

As reuniões realizadas pelo acusado de vender influência eram frequentadas por gente importante e ligada ao governo e houve até um encontro com Karina Kufa, advogada de Jair Bolsonaro. Nos diálogos obtidos pela CPI, uma reunião de Marconny Albernaz com o próprio presidente chega a ser ventilada, mas posteriormente foi cancelada e não ocorreu.

Os integrantes da CPI do Genocídios já sabem que a atuação de Marconny Albernaz oferecendo cargos na administração federal tinha mais duas conexões muito importantes, além da advogada Karina, que permitiam a proximidade do lobista com o presidente: seu filho Jair Renan e a ex-esposa Ana Cristina Vale.