Oito estados anunciam punição a PMs que participarem de atos bolsonaristas

Militares em serviço não podem se envolver em manifestações políticas por determinação da lei. Governadores estão preocupados com adesão da tropa e com possível perda de controle na cadeia de comando

Foto: DCM (Reprodução)
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Já são oito os governadores de estado que se manifestaram de forma contrária à possível adesão de policiais militares aos atos golpistas organizados pelo presidente Jair Bolsonaro, que devem ocorrer por todo o país no Dia da Independência, em 7 de setembro.

Há uma celeuma jurídica em relação à legalidade da participação desses servidores militares estaduais em atos políticos organizados. A Constituição Federal veta o direito de integrantes das Forças Armadas participarem de manifestações políticas, mas as polícias militares têm regimentos próprios, que na maior parte das vezes procura seguir as orientações que regulam o comportamento do contingente do Exército, Marinha e Aeronáutica. Isso, no entanto, não é uma regra e é aí que surge a discussão sobre ser legal ou não o comparecimento de PMs em eventos de caráter político-partidário.

Alguns governadores têm procurado lavar as mãos no que diz respeito ao tema, se manifestando de forma evasiva e dando lastro às aspirações autoritárias e de viés insubordinado de suas tropas policiais, sinalizando que a participação de seus servidores militares poderá ocorrer, desde de que não estejam fardados e em horário de serviço. Outros vão além e apenas usam da simplória justificativa de que “policial também é cidadão”, abrindo margem para diversas interpretações, até mesmo que seria possível participar desses atos usando fardamento e em momento de serviço, com viaturas e armas cedidas pelo poder público.

Confira quem são os oito governadores que prometeram punir PMs que engrossem as fileiras do bolsonarismo no 7 de setembro e o que dizem sobre o assunto.

Wilson Lima (PSC) – Amazonas

"A PM tem seu regulamento disciplinar, que proíbe manifestações político-partidárias e que deve ser seguido pelos membros da corporação."

Rui Costa (PT) – Bahia

"Comportamentos que não estejam dentro da constituição e da lei deverão ser tratados dentro da Constituição e da lei."

Renato Casagrande (PSB) – Espírito Santo

"É vedado pelo estatuto e código de ética da corporação a ‘manifestação coletiva e política e o desrespeito à autoridade militar e civil."

Flávio Dino (PSB) – Maranhão

"Qualquer transgressão disciplinar será avaliada posteriormente pelo comando-geral da PM."

João Azevedo (Cidadania) – Paraíba

"Nós vamos cobrar e agir dentro do que diz a legislação militar e o regulamento disciplinar para os policiais da ativa."

Wellington Dias (PT) – Piauí

"Portaria de agosto desautoriza reuniões e manifestações de PMs, principalmente a respeito de assuntos de natureza político-partidária.”

Antonio Denarium (Sem partido) – Roraima

"Se houver manifestação do policial fardado ou representando de forma não autorizada, serão adotadas as medidas previstas em lei."

João Doria (PSDB) – São Paulo

"Toda e qualquer denúncia de descumprimento das normas vigentes são rigorosamente apuradas e punidas, se confirmadas."