Mundo fake: Carluxo usa robôs do Vietnã, Bangladesh e Nigéria em suas postagens

Assim como toda a família presidencial, habituada a divulgar informações falsas nas redes, o vereador carioca utiliza perfis de lugares distantes para impulsionar suas mensagens cheias de mistérios e com linguagem cabalística

Reprodução/Instagram
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O vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho 02 do presidente da República, costuma fazer postagens nas redes sociais cheias de mistérios e com uma linguagem cabalística por vezes ininteligível, e isso todos já sabem. No entanto, uma informação surgida nos últimos dias mostrou que o ausente parlamentar municipal da Cidade Maravilhosa usa perfis falsos, de países distantes, para impulsionar suas mensagens truncadas e pretensamente provocativas.

Uma reportagem do jornal O Globo revelou que cinco perfis, baseados em lugares como Kon Tum, no Vietnã, Satkhira, em Bangladesh, e Port Harcout, na Nigéria, são marcados por Carluxo em seus tuítes para que façam a replicação das postagens.

A tática é simples: Carlos solta a pérola, usuários reais que são parte da claque fanática da família presidencial divulgam a mensagem e os perfis automatizados cuidam de dar dimensão maior à difusão dos conteúdos publicados por ele, alimentando a bolha dos seguidores ultrarradicalizados do clã.

Reportagem de norte-americano mostrou recrutamento pago

Uma rede de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, com boa retaguarda financeira, vem recrutando pessoas por R$ 1.500 (para uma jornada de seis horas de “trabalho” diário) para operarem perfis falsos que agem atacando opiniões desfavoráveis ao governo nas caixas de comentários dos veículos de imprensa brasileiros. A denúncia, com print das negociações, foi revelada pelo jornalista norte-americano Brain Mier, que viveu 25 anos no Brasil, atualmente na TeleSUR.

Robôs espalham hashtags em defesa do “mito”

Um dia após a hashtag #BolsonaroVagabundo ficar nos Trending Topics do Twitter, em 28 de dezembro, por conta do comportamento ocioso e desprezível do presidente da República, que apenas curte férias andando de jet ski em Santa Catarina enquanto o estado da Bahia vive uma tragédia de dimensões gigantesca em consequência das fortes chuvas na região, bolsonaristas foram às redes para mostrar apoio ao líder extremista de direita e usaram a hashtag #BolsonaroOrgulhoNacional. No entanto, a mensagem, que até ficou entre as melhores posicionadas no mundo virtual na quarta-feira (29), não foi fruto da espontaneidade de seus radicais seguidores.

O perfil Bot Sentinel, do Twitter, que verifica a origem de hashtags espalhadas mundo afora informou que o tal #BolsonaroOrgulhoNacional foi disseminado por pelo menos 53 usuários “inautênticos” (robôs) na rede social. A descoberta fez crescer ainda mais os rumores sobre as atividades realizadas pelo tão falado “Gabinete do Ódio”, responsável por distribuir mentiras, discursos de ódio e todo tipo de informação falsa para o eleitorado do presidente ultrarreacionário.

Histórico de mentiras e de uso de robôs

Há vários estudos e levantamentos realizados tanto por acadêmicos como por especialistas em tecnologia que apontam para o uso sistemático de perfis falsos por parte do núcleo nervoso do bolsonarismo.

Em abril de 2020, uma pesquisa realizada em conjunto pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) revelou que 55% das postagens pró-Bolsonaro nas redes são originadas a partir de perfis falsos e operados por máquinas.