O comunicado emitido na quinta-feira (6) pelo comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, orientando os militares da Força a se vacinarem para retornar ao trabalho presencial, deixou o presidente Jair Bolsonaro furioso.
Embora a nota do Comando do Exército Brasileiro não seja uma ordem, o tom em favor da imunização fez com que o líder extremista comunicasse ao ministro da Defesa, Walter Braga Netto, que uma determinação fosse passada ao general que comanda o braço terrestre das Forças Armadas: ele deve voltar atrás e adotar o discurso dúbio e disfarçadamente negacionista de Bolsonaro, fazendo um novo comunicado no qual fique claro que a vacinação é meramente opcional e que não é condição para que ninguém volte ao trabalho.
O documento assinado pelo general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira listou 52 itens a serem considerados e num determinado ponto reconheceu os benefícios óbvios que a vacinação trouxe ao país, reduzindo casos, internações e óbitos pela Covid-19. O texto informa também como devem proceder os militares após a imunização, com o prazo correto entre a aplicação da dose e o momento de regresso aos quartéis. Num dos trechos que mais enfureceram Bolsonaro, o comunicado diz que “os casos omissos sobre cobertura vacinal deverão ser submetidos à apreciação do DGP (Departamento Geral do Pessoal), para adoção de procedimentos específicos".
Cada dia mais paranoico e autoritário com qualquer assunto relacionado a esse tema, o presidente ultrarreacionário tem exigido de todas as esferas da administração federal uma postura de confrontação às vacinas contra o Covid-19, alinhada ao seu negacionismo.
Até mesmo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que era um respeitado médico e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, desde que assumiu o posto vem se colocando cada dia mais subserviente em relação aos desmandos anticientíficos e obscurantistas que povoam a ideologia de contornos insanos do bolsonarismo.
Ele dificultou de todas as formas o início da vacinação em crianças e segue colocando obstáculos para a real concretização da campanha, que é alvo constante e ininterrupto de ataques por parte de Jair Bolsonaro, que já ameaçou servidores da Anvisa, colocou em cheque a credibilidade do órgão e até mesmo tentou interferir nas decisões técnicas por meio de uma insólita consulta pública sobre uma questão em que leigos não têm qualquer capacidade para opinar.