O ambiente político no Brasil após a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência, um extremista de ultradireita de cariz destrambelhado , ficou confuso e desde então rende declarações de algumas figuras que até pouco tempo seriam impensáveis. Foi o caso de um artigo publicado nesta quarta-feira (2), em O Globo, da jornalista Vera Magalhães.
Detratora notória do ex-presidente Lula, a âncora do Roda Viva desceu o porrete em Jair Bolsonaro por conta do bizarro episódio do banho de farofa com frango assado numa barraquinha de rua do Distrito Federal. Disse cobras e lagartos sobre a incivilizada cena, e com toda a razão.
Para ela, o atual ocupante do Palácio do Planalto agiu com desrespeito ao povo brasileiro mais simples, primeiramente desperdiçando comida e depois ao tentar relacionar sua falta de higiene e de modos com a forma de viver dos mais humildades. Sobrou tijoladas, merecidamente, nos filhos de Bolsonaro e na tosca estratégia de comunicação adotada pelo extremista, soltando brasas ainda nos gastos recordes do cartão corporativo e na forma nababesca como vive o clã, que usa as redes sociais para transmitir uma simplicidade falsa.
No fim do texto de Vera veio a surpresa. Depois de anos a fio apedrejando Lula, num acesso de sinceridade, a jornalista de direita admitiu de forma pomposa e sem receios as conquistas do governo do líder petista no combate à fome e à miséria.
"Lula pode ter todos os problemas que tem e que parte dos eleitores vê nele e no PT. Mas é o político brasileiro que tem o maior legado no enfrentamento da fome e da miséria, além de uma conexão genuína com a realidade da população mais sofrida, pois vem dessa realidade. Isso não há farofa cenográfica ou sobrevoo de má vontade a áreas de tragédia que transplante", assumiu Vera, ainda que não se saiba se doeu ou não ter que admitir nas páginas do diário conservador carioca o que a História já havia confirmado.