REVOLUÇÃO

Cerveja e socialismo: Que tal beber uma Marighella, Lênin ou Rosa Luxemburgo?

Fundada em 2019, cervejaria localizada em Minas Gerais homenageia personagens históricos do comunismo

Cervejaria Soviet homenageia personagens históricos do comunismo.Créditos: Foto: Divulgação
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O líder da Unia Soviética (URSS) Leon Trotsky dizia que a revolução traria ao povo não apenas o direito ao pão, mas também à poesia e podemos complementar que, com uma vida mais igualitária, também o direito a celebrar momentos e bem sabemos que no Brasil festa e cerveja são quase sinônimos. Agora imagina uma celebração regrada de cervejas que homenageiam personagens históricos e revolucionário, pois, essa foi a ideia dos fundadores da Cervejaria Soviet. 

Fundada em 2019 por Demócrito Albuquerque, Marcos Miranda, Alexandre Vaz e Thiago Valério, a Cervejaria Soviet está localizada na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Em seu cardápio temos as cervejas Marighella, Lenin Beer, Rosa Luxemburgo, 1947, Guerrilha do Araguaia e outras. 

À Fórum, os fundadores da Cervejaria Soviet contaram um pouco da história da produtora de cervejas revolucionárias. 

"O Demócrito começou a estudar e produzir cervejas em casa. Filho de militantes do PCdoB, ele pensou no nome para a primeira cerveja que criou: a Lenin Beer. Daí, veio a ideia de criar a marca da Cervejaria Soviet, e produzir uma linha de cervejas que homenageiam ícones da esquerda. Junto ao seu padrinho Marcos, que estava envolvido na produção desde o início, Demócrito se uniu ao Alexandre, que tem conhecimento e uma pequena fábrica nos fundos de sua casa, para a produção de cervejas. A parceria se completou quando trouxeram o Thiago, que tem experiência com comunicação e internet. Todos são de esquerda!", enfatizam os fundadores. 

Uma das preocupações dos fundadores da Cervejaria Soviet era que o produto deles trouxesse algo para a sociedade. “Desde a primeira venda. Por isso se destina 5% de tudo que é vendido para algum projeto de transformação social. Já doamos abafadores de incêndio para a Brigada da Vila Ibitipoca - MG, e livros para a Biblioteca Comunitária Ciranda de Tarituba, em Paraty", revelam. 

Revolução e cerveja

Eles também explicam para a reportagem como se dá o processo criativo das cervejas, que prestam homenagens a personagens históricos do comunismo. 

"A gente busca por estilos e ingredientes que tenham relação com personagens ou acontecimentos históricos da esquerda. E essa busca não é só em unir nomes e cervejas, mas passa por toda a cadeia de produção. Na cerveja que homenageia Marighella, usamos laranja bahia, limão e coentro - ingredientes de uma witbier, mas também extremamente baianos, assim como nosso guerrilheiro. Na cerveja Maria Felipa, que criamos em colaboração com o coletivo AfroCerva, buscamos por limão cravo produzido por uma comunidade quilombola da região. O mesmo para a Guerrilha do Araguaia, que usa a mandioca em sua receita (e também é um alimento típico da região norte)", contam. 

História, cerveja e conscientização 

De uns tempos para cá cresceram no Brasil grupos que atuam para criminalizar as teses socialistas e claro, seus personagens históricos. Diante de tal cenário, os responsáveis pela Cervejaria Soviet revelam que marca já sofreu alguns hates e como lidam com isso. 

"A Internet é um ambiente onde as pessoas acham que podem dizer o que querem, de maneira agressiva. Mas a gente leva isso como parte do processo. A gente fala que fazemos cerveja para conscientizar, e não alienar. Então entendemos como parte da nossa missão difundir o pensamento comunista e fazer com que as pessoas conheçam melhor a história", dizem os fundadores. 

Além disso, os responsáveis pela Soviet também entendem o trabalho que desenvolvem como parte da resistência política contra o pensamento conservador. 

"É mais uma forma de se fazer militância e marcar posição. Nós vamos a manifestações, há tempos entregamos em nossos pedidos um adesivo “Fora Bolsonaro”. Esse posicionamento que assumimos na empresa tem tudo a ver com o que a gente sempre lutou e defendeu. Outro dia nos perguntamos: “se alguém da direita quiser consumir alguma marca alinhada a seu pensamento, isso é fácil e existem várias opções; e por que a esquerda não bate no peito e assume seu posicionamento na hora de vender seu produto?” Mesmo atraindo discursos de ódio, a gente finca nossa posição". 

O futuro do Brasil 

Obviamente que a conjuntura, um dos tópicos preferidos de qualquer grupo à esquerda, ainda mais quanto tem uma cerveja por perto, não poderia ficar de fora. Os fundadores da Soviet lamentam o atual o momento do Brasil e anseiam para que a esquerda volte a comandar o Brasil. 

"É triste demais ver pelo que estamos passando. Somos otimistas realistas. A gente quer ver a esquerda de volta ao comando do país, e vamos trabalhar muito por isso. Mas, reafirmando: a gente quer ver a esquerda! Aquela que se preocupa em colocar comida no prato do pobre, merenda na escola de crianças, educação e saúde de qualidade. Temos muita luta pela frente", reconhecem. 

Comunismo etílico para todo o Brasil 

Desde o ano passado que a Cervejaria Soviet disponibiliza os seus insumos revolucionários para todo o Brasil e revelam que tal iniciativa se deu em uma data história para a esquerda do mundo todo. 

"No ano passado, em 21 de fevereiro (dia da publicação do Manifesto Comunista) nós lançamos nosso site, onde as pessoas de qualquer ponto do Brasil podem realizar seu pedido. Contamos com uma estrutura logística simples, mas que atende a todos os endereços do território nacional. E além das cervejas, percebemos que as pessoas queriam outros produtos, por isso também criamos bandeiras, camisetas, chaveiro abridor da foice e do martelo. Estamos sentindo essa demanda e compreendendo esse público", comemoram. 

As ferramentas de transformação da Cervejaria Soviet podem ser acessadas aqui.