Número de crianças que não sabem ler e escrever é o maior desde 2012, diz ONG

O levantamento da organização Todos Pela Educação foi realizado com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE

Escola municipal em Recife | Foto: Sumaia Vilela / Agência Brasil
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Pesquisa realizada pela ONG Todos Pela Educação e divulgada nesta terça-feira (8) revela que 40,8% das crianças brasileiras com idade entre 6 e 7 anos não sabiam ler e escrever em 2021. Esse é o maior patamar desde 2012, quando 28,2% de crianças dessa idade não estavam alfabetizadas, o que representa cerca de 1,7 milhão.

O levantamento da organização foi realizado com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE.

Em 2019 o número de crianças entre 6 e 7 anos que não sabiam ler e escrever saltou de 1,429 milhão (equivalente a 25,1% das crianças brasileiras) para 2,367 milhões, ou seja, 40,8%. O aumento é de 65,5% quando comparado com os números de 2019.

O índice piora quando analisado entre crianças pretas com idade entre 6 e 7 anos: em 2021, 47,4% delas não estavam alfabetizadas; entre crianças pardas, 44,5%; entre crianças brancas, 35,1%. De acordo com a ONG, em 2019 nenhum dos índices chegava a 30%.

Um dos fatores apontados pela Todos Pela Educação para tal cenário foi a pandemia de Covid-19, que causou a suspensão de aulas presenciais e obrigou as redes de ensino a se adaptar nos últimos dois anos.

Ainda de acordo com as pesquisas, entre as crianças que moram nos 25% de domicílios mais pobres do país, 51% não sabem ler e escrever. Por sua vez, aquelas que moram nos 25% mais ricos, 16,6% ainda não tinham sido alfabetizadas.

A diferença entre o percentual de crianças brancas e pretas que não sabiam ler e escrever subiu 8,5 pontos percentuais para 12,3 entre 2019 e 2021.

Além do fechamento das escolas, o estudo do Todos Pela Educação mostra que as crianças mais pobres, em sua maioria, não tiveram acesso ao ensino remoto.

Apesar do cenário trágico apontado pela pesquisa, o Ministério da Educação, que possui uma secretaria para alfabetização, não desenvolveu nenhum programa ou destinou recursos extras às escolas para evitar os prejuízos revelados pelo estudo.