É ISSO MESMO?

MBL doou dinheiro 2 dias depois de Mamãe Falei voltar da Ucrânia e a entidade do Brasil

Foram R$ 211.829,58 repassados na segunda-feira (7) à Representação Central Ucraniana-Brasileira, órgão que pediu a cassação do parlamentar paulista. Cronologia confusa repercute nas redes

Deputado Arthur do Val, o Mamãe Falei (Instagram/Reprodução).
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A história da viagem de membros do Movimento Brasil Livre (MBL) à Ucrânia em plena guerra, e que acabou com os absurdos áudios sexistas e machistas do deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP) falando de forma vergonhosa das refugiadas do país do Leste Europeu, teve mais um capítulo nesta terça-feira (8). E digamos, um tanto quanto confuso.

A direção do MBL divulgou nas redes o recibo com a doação do dinheiro arrecadado na “ação humanitária” da think tank de extrema direita, que desde o início imaginou-se ser voltado para uma entidade sediada na Ucrânia, ou mesmo para ser usado pelos dois representantes do grupo (Mamãe Falei e Renan Santos) lá, durante a rápida passagem pela nação invadida. Mas não foi o que aconteceu.

O documento liberado pelos rapazes da sigla neoliberal mostra que R$ 275.366,20 foram arrecadados e que a maior parte, R$ 211.829,58, foi doada apenas na segunda-feira (7), dois dias depois que Mamãe Falei e o coordenador do MBL já tinham voltado de viagem. O recibo diz ainda que eles gastaram R$ 40 mil (redondos) na Ucrânia, segundo informações divulgadas por eles à Folha de S.Paulo comprando remédios, materiais médicos e gasolina para abastecer os carros usados para que ucranianos fugissem da zona de conflito para a fronteira mais próxima. O montante de R$ 23.536,62 também aparece na planilha simplificada e teria sido destinado ao recolhimento de impostos.

O que surpreende ainda é que a doação foi feita a uma entidade brasileira, a Representação Central Ucraniana-Brasileira (RCUB), que no dia seguinte à revelação dos áudios comprometedores pediu a cassação de Mamãe Falei, por meio de um ofício encaminhado ao presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, deputado Carlão Pignatari (PSDB). Segundo o MBL, a entidade que recebeu os valores foi indicada pela Embaixada da Ucrânia no Brasil.

Nas redes sociais, internautas começaram a questionar o procedimento, uma vez que aquilo que estava sendo propagado até então dizia respeito a uma missão humanitária que foi levar donativos e recursos a um país assolado pela guerra, e que agora teria mudado de figura, ao assumirem que as doações foram feitas após o retorno da Ucrânia e a uma entidade nacional.

“Na viagem gastaram apenas 10% do que arrecadaram e voltaram com 211 mil. Depois que os áudios vazaram decidiram doar o restante para uma Instituição Ucraniana. Se áudio não tivesse vazado o que teriam feito com 90% da grana?”, perguntou um usuário identificado como Will, no Twitter.

“Mas pra entregar o dinheiro precisava viajar até lá? Eles conhecem a existência de banco?”, ironizou uma internauta identificada como Josi Barreto.

“Foram lá pra Ucrânia semana passada para depositar ontem quase 75% do valor total arrecadado para a representação Brasileira quando já tinham voltado da viagem?”, questionou um outro, na mesma rede, chamado Ribeiro.

“Eles só depositaram depois da pressão popular… hahahaha os caras iriam embolsar TUDO meu deus”, afirmou um perfil identificado apenas como Orlando.