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Gangue do Pix: Veja o complexo e sofisticado esquema do PCC que opera na av. Paulista

Crime organizado mantém estrutura empresarial para prática criminosa, que vai desde a seleção dos aparelhos, passando por setor de tecnologia que desbloqueia senhas e de “exportação” dos melhores modelos

Imagem ilustrativa.Créditos: Shutterstock/Free Pic
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Os casos de roubos e furtos de telefones celulares por todo Brasil só aumentam e a chegada do simplificado sistema de transferências bancárias do Pix, que teve início em novembro de 2020, fez com que os aparelhos passassem a ser ainda mais cobiçados pelos bandidos.

Nos últimos dias, a Polícia Civil de São Paulo descobriu que o Primeiro Comando da Capital (PCC), o maior grupo criminoso do Brasil e que opera em 16 países, montou um complexo e sofisticado esquema de furtos e roubos de celulares, não só para realizar transferências em dinheiro pelo Pix, mas também para “exportar” os melhores aparelhos para a África. A base de operações é no bairro da Bela Vista, na capital, e a zona de ação principal engloba a região da Avenida Paulista.

Tudo começou a vir à tona após a prisão de um homem de 22 anos, não identificado pelas autoridades, detido numa pensão do bairro. Ele é o responsável por desbloquear as senhas dos telefones furtados e roubados. A partir daí, os policiais descobriram que há uma estrutura organizada por setores, com ladrões que conseguem os aparelhos cometendo crimes contra os cidadãos, especialistas em segurança eletrônica que utilizam sofisticados softwares para burlar as travas dos celulares e até gente que separa os equipamentos por nível de qualidade, para que os melhores e mais modernos sejam mandados para o exterior.

"Essa quadrilha usa a Bela Vista como base porque o bairro fica perto de locais onde ela tem mais facilidade para furtos e roubos de celular", explicou o delegado Ânderson Honorato dos Santos, da 2ª Delegacia Patrimônio do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), à reportagem da Folha de S.Paulo. Ele salienta que a região da Avenida Paulista é a que registra o maior número de ocorrências do gênero. Só naquela via, em 2021, foram 2.804 casos.

O delegado disse ainda que o PCC vem se arvorando nesse segmento porque os criminosos perceberam que é muito mais seguro realizar furtos ou roubos rápidos e conseguir R$ 50 mil em transferências pelo Pix, que é o valor médio de cada golpe, segundo Santos, do que se arriscar em ações cinematográficas e acabarem morrendo em confronto com a polícia.

A hierarquia do esquema contaria ainda com os chamados “conteiros”, que são os indivíduos que cedem suas contas bancárias para receberem as transferências criminosas, ou então que criam contas com documentos falsos só para essa finalidade, e os “tripeiros”, que apenas coordenam essas transferências via Pix, para depois reparti-las e pagar cada membro da quadrilha.

Por fim, os investigadores conseguiram chegar à informação que aparelhos como o iPhone, da Apple, ou outros de alto custo de outras marcas, vão para as mãos de “mulas”, pessoas que embarcam com eles para o continente africano para revendê-los a preços convidativos, já que por conta de dispositivos de segurança esses celulares não funcionariam mais no Brasil.