ATAQUE À IMPRENSA

Polícia do DF prende dois suspeitos de esfaquear jornalista da Globo

O quadro clínico de Gabriel Luiz, repórter e editor do DFTV, é grave, mas estável, segundo o boletim médico

Polícia do DF prende suspeito de esfaquear jornalista da Globo.
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A Polícia do Distrito Federal (PCDF) prendeu nesta sexta-feira (15) dois suspeitos de esfaquear o jornalista Gabriel Luiz, que trabalha na Rede Globo. 

A primeira prisão ocorreu no início da tarde desta sexta, trata-se de um menor de idade que foi encaminhado para a delegacia especializada. 

O segundo suspeito, que tem 19 anos, foi preso em uma praça no Cruzeiro, região onde fica a 3ª Delegacia da Polícia, responsável pelo caso do jornalista esfaqueado. 

A principal linha de investigação é tentativa de roubo. Uma testemunha já prestou depoimento.

Entenda o caso 

O repórter Gabriel Luiz, editor do DFTV da TV Globo de Brasília, que foi esfaqueado por dois homens no fim da noite de quinta-feira (14) na porta do prédio onde mora, na capital federal, fez uma matéria na última segunda-feira (11) denunciando o funcionamento perigoso de um clube de tiro em Brazlândia, uma região administrativa do Distrito Federal. A Polícia Civil do DF investiga várias linhas como motivação para o crime e, conforme apurado pela reportagem da Fórum, essa é uma delas.

Inaugurado recentemente, o estande de tiro fica às margens da BR-251 e tem deixado moradores da vizinhança desesperados, já que as balas saem do que deveria ser um perímetro de segurança, atingindo lotes residenciais e rurais nos arredores. A população local mostrou dezenas de projéteis de revólveres, pistolas e fuzis, assim como os furos em paredes e árvores dos imóveis.

Um homem que vive num lote vizinho diz na reportagem dirigida por Gabriel que “não vai perder sua vida porque esse pessoal fica aí”, enquanto outro contou a estratégia que usa quando os projéteis cruzam as cabeças de trabalhadores de uma roça instalada atrás do clube. “A gente vê as balas zuando aí e aí só abaixa”, disse o agricultor na matéria.

Gabriel mostra ainda que o fundo do lugar onde ficam colocados os alvos é protegido apenas por um barranco baixo e uma camada de pneus na parte superior, o que não é o suficiente para evitar que as balas atinjam os vizinhos.

Num determinado trecho da reportagem, funcionários do clube de tiro aparecem para discutir com os moradores que davam depoimento à equipe da TV Globo, e Gabriel está presente. Um dos habitantes dos sítios vizinhos chega a perguntar para um dos atiradores “se ele está o ameaçando".

Repórter da Globo disse ao porteiro “me ajuda, eles vão me matar”

Logo depois de ser esfaqueado por dois criminosos, nesta quinta-feira (14) à noite, Gabriel Luiz, 28 anos, repórter e editor do DFTV, da TV Globo em Brasília, pediu ajuda ao porteiro do edifício onde mora. O funcionário disse que o jornalista estava consciente, mas muito ensanguentado.

Por volta das 23h20, Gabriel voltava para casa quando foi seguido por dois homens. Eles cercaram o rapaz e desferiram cerca de dez facadas atingindo pescoço, abdômen, braços, mão e perna.

Pessoas que presenciaram a cena disseram que um dos criminosos segurou Gabriel e o outro o esfaqueou. Eles só pararam porque um vizinho começou a gritar.

O porteiro relatou que estava em sua posição na guarita quando viu o rapaz se aproximando. Primeiramente, imaginou que fosse uma pessoa em situação de rua. Porém, quando Gabriel chegou perto, reconheceu e abriu a porta.

O funcionário afirmou, também, que percebeu que o jornalista perdia muito sangue, mas estava consciente e pediu ajuda: “Me ajuda, eles vão me matar. Eu vou morrer”.

Gabriel pediu para o porteiro telefonar para seu pai e passou o número. Desesperado, o funcionário disse para o rapaz não falar mais nada e chamou os bombeiros, que ficam em um quartel perto do local.

Polícia não descarta nenhuma hipótese sobre motivação do crime
A Polícia Civil do Distrito Federal não descarta hipóteses sobre a motivação do crime, inclusive tentativa de homicídio. A carteira do repórter foi encontrada no local do crime. O celular estava desaparecido.

Porém, nesta sexta (15), o aparelho foi localizado por um morador da região. Estava no chão. O homem repassou o celular a um investigador, que o entregou à 3ª Delegacia de Polícia, que investiga o crime.

De acordo com o boletim médico, obtido pela coluna Na Mira, no Metrópoles, o estado de saúde de Gabriel é grave, mas estável. De todos os ferimentos, o pior foi o do abdômen. Os médicos afirmaram, ainda, que embora o jornalista tenha perdido muito sangue, a cirurgia foi “efetiva” e aguardam sua transferência para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).