DIVERSO?

Bar que se diz Fora Bolsonaro proíbe mãe com criança de entrar à tarde

Local tido como um dos mais progressistas na maior metrópole do Brasil impediu entrada de mães com os filhos. Atitude vista como discriminatória desencadeou onda de protestos do próprio público do estabelecimento

Créditos: Instagram/Reprodução
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Um dos bares considerados mais progressistas de São Paulo se viu em meio a uma enxurrada de críticas por conta de uma atitude que seria abertamente discriminatória. O Miúda Bar, localizado no bairro de Santa Cecília, famoso por seu público diverso, por ser amigável com o público gay, com animais domésticos, com frequentadores que usam bicicleta e por sua decoração informal e descolada, usando até cadeiras de praia, teria barrado a entrada de duas mães com filhos pequenos.

A primeira denúncia partiu de Marcelle Cerutti, de 34 anos, que relata ter chegado ao local com seu filho Luca, de 5 anos, na tarde do último domingo (3), próximo das 17h, para prestigiar uma amiga que comemorava aniversário no estabelecimento. Ela, que é mãe solo, contou que já na entrada foi comunicada diretamente sobre a impossibilidade de ingresso por conta da criança.

“Desculpa, senhora, mas aqui a gente não aceita crianças”, escutou ainda na calçada, enquanto segurava a mão do filho e uma bolsa com apetrechos para a criança desenhar e brincar enquanto ela conversaria com os convidados da festa.

A mulher disse que ficou atônita com a atitude do funcionário da entrada do bar. Desorientada, ela pediu então para avisar a amiga aniversariante sobre a situação, para que então pudesse cumprimentá-la antes de ir embora. Novamente foi impedida pelo funcionário da casa, que pediu que aguardasse enquanto a pessoa da festa fosse chamada. Marcelle ficou sentada na guia esperando.

“Fiquei sem reação. A única coisa que disse foi: 'mas como assim?'. Não consegui responder. Jamais esperava que um lugar que aceita pets, bicicletas e tem como princípio a diversidade, fosse discriminar uma mãe solo”, relatou Marcelle indignada ao site Universa, do portal Uol.

Segundo ela, ao entrar no carro, teve um acesso de choro com a situação discriminatória, sobretudo por vir de um bar que é conhecido por receber um público progressista e por ser inclusivo, ostentando até uma parede com a inscrição Fora Bolsonaro para que os frequentadores tirem foto.

Mais uma denúncia

Após Marcelle resolver denunciar a constrangedora situação de segregação que enfrentou, outra mãe contou que havia passado por situação semelhante no Miúda Bar. Mariana Arruda, uma jovem de 26 anos, contou que foi ao local em 27 de novembro do ano passado e não conseguiu se divertir no bar. Ela é mãe de uma criança que, à época, tinha dois anos.

“No dia 27 de novembro de 2021, cheguei no Miúda à tarde acompanhada do meu filho que, na época tinha dois anos. Era por volta das 17h e, já na entrada, o segurança me avisou que estava abrindo uma exceção para mim, que eu poderia entrar no estabelecimento com uma criança, mas que deveria deixar o local dentro de duas horas”, relatou Mariana ao Universa.

Segunda ela, os funcionários alegaram que não havia estrutura para o público infantil no bar, indicando inclusive a presença de outras crianças, um pouco mais velhas, que também teriam que sair do estabelecimento num determinado horário. Não adiantou argumentar que o lugar era ao ar livre, que não estaria com fumantes e que ali não era uma casa noturna.

As duas mães informaram que em momento algum foram acionadas pelos responsáveis pelo Miúda Bar, mesmo depois de reclamarem sobre a atitude no perfil oficial do espaço no Instagram. Para elas, ficou claro que lá pode cachorro, bicicletas e todo tipo de diversidade, mas crianças não são bem-vindas.

A direção do Miúda Bar emitiu um comunicado falando sobre a decisão de não aceitar crianças no local.

“Tendo em vista a repercussão, pensamos ser importante explicar o motivo pelo qual não permitimos a entrada de menores de menores de 18 anos. A Miúda tem lotado muito desde novembro do ano passado, quando expandimos para o galpão de trás e o estacionamento. A segurança das pessoas lá dentro é nossa preocupação diária desde a primeira abertura no espaço maior. Se antes recebíamos 100 pessoas, hoje recebemos 400. Em dezembro buscamos assessoria jurídica para nos dar base para algumas questões, entre elas a entrada de menores de idade. Mostramos a ela todo o nosso espaço e funcionamento e concluímos juntos que nosso bar não é um local propício para crianças. Considerando o que dispõe o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e as leis pertinentes, a decisão parte principalmente da preocupação com a estrutura e programação que temos”, diz um trecho da resposta do Miúda Bar.

Leia o resto no perfil do estabelecimento no Instagram:

 

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