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Passou recibo? Bolsonaro cita Marielle ao negar que mandou matar Adriano da Nóbrega

Presidente cita vereadora assassinada em 2018, sendo que a acusação é de que ele encomendou morte de miliciano

Jair Bolsonaro.Créditos: Alan Santos/PR
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O presidente Jair Bolsonaro (PL), sem ninguém mencionar Marielle Franco, citou o nome da vereadora assassinada em 2018 ao comentar as acusações que pesam sobre ele relacionadas a morte do miliciano Adriano da Nóbrega

Em sua live desta quinta-feira (7) nas redes sociais, Bolsonaro negou as acusações da irmã de Adriano dando conta de que a morte do miliciano em operação policial na Bahia teria sido encomendada pelo Palácio do Planalto em troca de cargos. O miliciano integrava o Esquadrão da Morte e era acusado de envolvimento no assassinato de Marielle. Nos áudios em que a irmã de Adriano associa a morte do miliciano ao governo, porém, Marielle não é mencionada

“Alguém me aponte um motivo que eu poderia ter para matar Marielle Franco. Motivo nenhum, zero, não dá nem para discutir mais. Os áudios dela [da irmã de Adriano], pelo que tomei conhecimento, ela se equivocou: em vez de falar Palácio das Laranjeiras, falou Palácio do Planalto", disparou o presidente. 

Bolsonaro fez a declaração ao reagir a uma postagem do deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP). Acontece que em nenhum momento o parlamentar citou Marielle. “MAFIOSOS! Os áudios da irmã de Adriano da Nóbrega levam o assassinato para dentro do Palácio do Planalto. É público que o miliciano tinha relações íntimas com a família Bolsonaro e a hipótese de queima de arquivo sempre esteve à mesa. Há pouco alarde sobre algo tão escabroso", dizia a publicação do congressista. 

Assista a partir dos 6 minutos e 17 segundos do vídeo abaixo 

Queima de arquivo? 

Um áudio divulgado nesta quarta-feira (6) pela Folha de S.Paulo mostra a irmã de Adriano da Nóbrega acusando o Palácio do Planalto de oferecer cargo pelo assassinato do ex-capitão do Bope que integrava o Esquadrão da Morte - grupo armado da milícia de Rio das Pedras.

No áudio, Daniela Magalhães da Nóbrega chora ao dizer para uma tia que o irmão, que chegou a ser homenageado pelo clã Bolsonaro e teve a esposa empregada no esquema de rachadinha comandado por Fabrício Queiroz no gabinete de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), "já era um arquivo morto".

"Ele já sabia da ordem que saiu para que ele fosse um arquivo morto. Ele já era um arquivo morto. Já tinham dado cargos comissionados no Planalto pela vida dele, já. Fizeram uma reunião com o nome do Adriano no Planalto. Entendeu, tia? Ele já sabia disso, já. Foi um complô mesmo", afirmou Daniela, revelando um possível conluio acertado por Bolsonaro para assassinar o ex-capitão do Bope.

A gravação foi captada em uma escuta telefônica pela Polícia Civil do Rio de Janeiro há cerca de dois anos. A ligação aconteceu dois dias após a morte de Adriano em uma operação policial na Bahia, onde ele estava foragido.

A investigação fez parte da Operação Gárgula, que tinha como objetivo desvendar o esquema de lavagem de dinheiro e a estrutura de fuga de Adriano.

"Ele falou para mim que não ia se entregar porque iam matar ele lá dentro. Iam matar ele lá dentro. Ele já estava pensando em se entregar. Quando pegaram ele, tia, ele desistiu da vida", disse Daniela.

Minutos depois, a mesma tia, cujo nome não foi identificado, comenta com outra irmã do ex-PM, Tatiana: "Daniela sabe de muita coisa, hein?"

Ouça o áudio aqui