HORROR

Trama macabra: Madrasta presa, enteada morta e o irmão envenenado

Polícia do Rio de Janeiro investiga história mórbida e suspeita que mulher tinha ciúme doentio do casal de filhos, de 22 e 15 anos, de seu companheiro

Cíntia, a madrasta acusada (à esquerda), o enteado que sobreviveu e Fernanda Carvalho, a enteada morta.Créditos: Redes sociais/Reprodução
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Uma história macabra está sendo investigada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Cíntia Mariano Dias Cabral, de 48 anos, é casada há seis anos com um homem, cuja identidade não foi revelada, que tinha dois filhos. Uma jovem de 22 anos e um adolescente de 15. Em março, Fernanda Carvalho Cabral, a filha, foi conduzida às pressas ao Hospital Municipal Albert Schweitzer com sintomas que sugeriam uma forte intoxicação. Após uma internação de 12 dias, ela não resistiu e morreu.

Passados dois meses, o filho do companheiro de Cíntia, irmão de Fernanda, também passou mal após um almoço de domingo. Ele chegou a reclamar do gosto do feijão, que estaria amargo. A madrasta, então, teria removido seu prato e o levado de volta à cozinha, trazendo outros alimentos para o garoto. Estavam na residência participando da refeição naquela tarde, além do casal e do rapaz de 15 anos, dois filhos de Cíntia e uma neta pequena dela. Horas depois, o adolescente foi encaminhado para o mesmo hospital que sua irmã e lá, com cólicas, dores abdominais e com a língua enrolando, recebeu uma lavagem gástrica e conseguiu escapar do pior, embora siga internado.

Numa conversa com a mãe, a vítima disse que ao comer o feijão servido pela madrasta verificou umas “pedrinhas azuis”, que teriam sido colocadas na comida numa espécie de surpresa, momento em que Cíntia teria apagado a luz da cozinha. A mulher alegou que aquilo era um tempero de bacon desidratado que não amoleceu durante o cozimento do alimento.

As duas ocorrências, semelhantes e envolvendo dois irmãos, num curto intervalo de tempo, fizeram com que investigadores da 33ª DP, que fica no Realengo, desconfiassem de uma ação deliberada por parte de alguém próximo dos jovens. A partir daí, os primeiros levantamentos apontaram para a madrasta, que teve a prisão temporária decretada pela Justiça nesta sexta-feira (20). Numa busca realizada no apartamento da família, em Padre Miguel, os agentes encontraram na cozinha um frasco de veneno de pulgas. As autoridades trabalham com a hipótese de um ciúme doentio de Cíntia em relação aos filhos biológicos do cônjuge.

O pai dos dois envenenados, em depoimento à polícia, confirmou o relacionamento de aproximadamente seis anos com Cíntia e admitiu que achou estranha a atitude da companheira de retirar o prato do adolescente de 15 anos durante o almoço e de tê-lo levado à cozinha. Ele explicou que ficou também muito desconfiado com o fato de seus dois filhos terem apresentado os mesmos sintomas num intervalo pequeno de tempo e justamente após as refeições preparadas pela mulher.

Como o suposto crime envolveria uma trama familiar, de pessoas que convivem na mesma casa, a juíza Raphaela de Almeida Silva, da 3ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, que decretou a prisão, justificou sua decisão explicando que, se de fato Cíntia for a culpada pelos envenenamentos, deixá-la em livre, com a vítima menor e o pai dela, poderia resultar em interferência nas investigações ou na coação de alguma testemunha.

“Com os elementos contidos nas investigações, deixar a acusada solta poderia causar prejuízos irreparáveis para o prosseguimento das investigações policiais. Isso porque ela poderia exercer pressão sobre as testemunhas, levando em conta que os presentes na residência no momento do crime são familiares, filhos inclusive da suspeita”, salientou a magistrada.

No depoimento desta tarde (20), pouco antes da decretação da prisão temporária, Cíntia preferiu se manter em silêncio, um direito conferido a todos os acusados, diante das perguntas do delegado Flávio Rodrigues, que preside o inquérito do caso.