HORROR

Madrasta presa por envenenamento: "me abraçou no enterro", diz mãe

A mulher trabalhava com transporte escolar e foi contratada pela mãe do jovem, supostamente envenenado pela madrasta. Irmã da vítima, porém, não teve a mesma sorte, e acabou morrendo

Escrito en BRASIL el

A empresária Jane Carvalho Cabral, mãe do jovem supostamente envenenado pela madrasta, contou ao jornal Extra que a mulher fazia transporte escolar. A mulher foi presa nesta sexta-feira (20), no Rio de Janeiro.

Segundo ela, Cíntia Mariano Dias Cabral conviveu com o jovem por mais de uma década, desde antes do início do relacionamento com o pai dele. A empresária disse que Cíntia trabalhava com transporte escolar e foi contratada por ela quando o filho estava com apenas 4 anos — hoje, ele tem 16.  À época, os pais da criança ainda estavam juntos. Tempos depois, passada a separação, Cíntia e o pai do agora adolescente começaram a se relacionar.

 "É duro pensar que, de certa forma, fui eu que coloquei essa monstra na nossa família. Ela entrou na minha vida porque eu contratei" lamenta Jane.

O filho dela passou mal no último domingo, após ingerir um feijão preparado e servido pela madrasta. Ele deu entrada no Hospital Municipal Albert Schweitzer com tonteira, língua enrolada, babando e com coloração da pele branca. Dois meses antes, Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, também filha de Jane e enteada de Cíntia, apresentou sintomas idênticos após uma refeição com a família paterna.

A jovem, porém, não teve a mesma sorte do irmão, e acabou morrendo após passar quase duas semanas internada no mesmo hospital. Inicialmente, o óbito foi tratado como tendo ocorrido por causas naturais. O episódio semelhante recente, contudo, despertou suspeitas, e Cíntia é tratada como suspeita de homicídio, além da tentativa de assassinato contra o enteado.

"Ela visitou a minha filha no hospital todos os dias, como se nada tivesse acontecido. E me abraçou no enterro, embora não parecesse comovida. Mas, até então, eu pensava apenas que era o jeito dela", conta Jane.

 

Entenda a história macabra

 

As duas ocorrências, semelhantes e envolvendo dois irmãos, num curto intervalo de tempo, fizeram com que investigadores da 33ª DP, que fica no Realengo, desconfiassem de uma ação deliberada por parte de alguém próximo dos jovens. A partir daí, os primeiros levantamentos apontaram para a madrasta, que teve a prisão temporária decretada pela Justiça nesta sexta-feira (20). Numa busca realizada no apartamento da família, em Padre Miguel, os agentes encontraram na cozinha um frasco de veneno de pulgas. As autoridades trabalham com a hipótese de um ciúme doentio de Cíntia em relação aos filhos biológicos do cônjuge.

O pai dos dois envenenados, em depoimento à polícia, confirmou o relacionamento de aproximadamente seis anos com Cíntia e admitiu que achou estranha a atitude da companheira de retirar o prato do adolescente de 15 anos durante o almoço e de tê-lo levado à cozinha. Ele explicou que ficou também muito desconfiado com o fato de seus dois filhos terem apresentado os mesmos sintomas num intervalo pequeno de tempo e justamente após as refeições preparadas pela mulher.

Como o suposto crime envolveria uma trama familiar, de pessoas que convivem na mesma casa, a juíza Raphaela de Almeida Silva, da 3ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, que decretou a prisão, justificou sua decisão explicando que, se de fato Cíntia for a culpada pelos envenenamentos, deixá-la em livre, com a vítima menor e o pai dela, poderia resultar em interferência nas investigações ou na coação de alguma testemunha.

“Com os elementos contidos nas investigações, deixar a acusada solta poderia causar prejuízos irreparáveis para o prosseguimento das investigações policiais. Isso porque ela poderia exercer pressão sobre as testemunhas, levando em conta que os presentes na residência no momento do crime são familiares, filhos inclusive da suspeita”, salientou a magistrada.

No depoimento desta tarde (20), pouco antes da decretação da prisão temporária, Cíntia preferiu se manter em silêncio, um direito conferido a todos os acusados, diante das perguntas do delegado Flávio Rodrigues, que preside o inquérito do caso.