Arlindo Gomes de Araújo, de 90 anos, morreu quando estava internado no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), no Distrito Federal (DF), após os aparelhos que o ajudavam a respirar terem sido desligados por outro paciente. O caso ocorreu em junho de 2020.
Somente agora o Tribunal de Justiça do DF condenou o governo do estado a pagar indenização de R$ 40 mil para a família da vítima.
O idoso se sentiu mal em casa e foi encaminhado para o HRT. Segundo um neto da vítima, que não quis ser identificado, a suspeita era de síndrome respiratória. O caso ocorreu em um dos picos da pandemia de Covid-19.
“Assim que ele chegou, foi para a sala vermelha e logo o intubaram. Falaram [para os familiares]: ‘Pode ir para casa que agora ele está na ala de Covid, aí tem que aguardar sete dias para o resultado [do exame] sair’”, relata.
Como não podiam visitar o idoso, pelos protocolos da Covid, os familiares foram surpreendidos menos de uma semana depois com a notícia da morte de Araújo.
“Depois de quatro ou cinco dias em que ele estava internado, só informaram que ele tinha falecido. Ligaram de manhã e a gente ficou estarrecido. Porque ele estava intubado, mas estava estável e do nada ele amanhece morto”, destaca o neto, em entrevista a Raiane Sena, no G1.
Na certidão de óbito consta que a causa da morte foi “insuficiência respiratória aguda”, com suspeita de Covid-19. Porém, quando o corpo estava no Instituto Médico Legal (IML), os familiares souberam que os aparelhos de Araújo tinham sido desligados por outro paciente, e que o caso era investigado pela Polícia Civil.
Segundo a médica que estava de plantão no dia da morte, a equipe de enfermagem constatou que dois aparelhos respiratórios tinham sido desligados da tomada. Um funcionava com a bateria auxiliar, mas a do outro estava descarregada.
Outro paciente, de 79 anos, desligou os aparelhos da tomada, segundo equipe médica
De acordo com o relato, outro paciente, de 79 anos, internado na mesma ala, afirmou que desligou os aparelhos pois havia “constatado que os pacientes não necessitariam mais do respirador mecânico, em virtude de estarem bem”.
Nenhum funcionário do hospital viu a ação, mas, conforme a equipe médica, o paciente que confessou vinha causando problemas. O homem também já está morto.
Na noite em que o idoso faleceu, saiu o resultado do exame de Covid-19, que deu negativo. A família conseguiu mudar a causa da morte na certidão de óbito para “a esclarecer”.