Charlatões e abusadores que se apresentavam como homens sábios e protetores espirituais de pessoas vulneráveis. Tanto em Campinas, no interior de São Paulo, quanto em Belém no Pará, casas "especializadas" em terapias corporais e espirituais são investigadas por casos de abusos sexuais e financeiros contra mulheres.
O Fantástico deste domingo (8) ouviu quem frequentou esses lugares. As vítimas contaram como suas vidas eram controladas e manipuladas com chantagens financeiras. E ainda se culpam por terem acreditado nos terapeutas, agora presos.
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O terapeuta de Campinas, André Lanzoni, está preso desde o último dia 10 de março. Já o líder religioso Paulo Paumgartten de Marudá, de Belém, está preso desde 18 de março.
“Ele me afastou do meu filho por um certo tempo, porque o meu filho era gay e ele achava que a ‘frequência’ do meu filho não era boa para as minhas filhas nem para mim”, conta uma vítima do líder religioso Paulo Paumgartten de Marudá de Belém.
Em Campinas, o terapeuta André Lanzoni também dizia ter criado um método revolucionário para abusar sexualmente das vítimas.
“Na primeira consulta, ele disse que eu tinha um problema mesmo relacionado à sexualidade e que ele precisaria liberar os traumas. Segunda sessão ele pediu para deitar na maca que ele iria liberar os meus pontos de trauma, e ele começou tocando na minha cabeça, nos meus seios, na minha barriga. E aí quando chegou no meu órgão genital, ele disse que precisava abrir a calça porque através da roupa não seria possível fazer a liberação. Enquanto isso, ele estava, eu vi, abrindo as calças dele e se masturbando enquanto me tocava. Eu fiquei paralisada, não tive reação e tive medo”, conta uma vítima.
Os advogados de André Lanzoni disseram que estão se inteirando dos fatos e que tudo será esclarecido no momento processual oportuno. Depois da prisão, outras dez mulheres procuraram a delegacia para denunciar que também teriam sido abusadas por Paulo.
Histórico das "clínicas"
Em Campinas, a “Casa Semear” era o refúgio para quem tinha perdido as esperanças, mas quem frequentava a clínica era convencido de que o tratamento dependia dessa dedicação total e exclusiva.
Em Belém, as vítimas buscavam conforto espiritual durante encontros em uma casa de fachada discreta. Ao longo do tempo, o homem a quem elas chamavam de “pai Paulo’’ também impôs uma rotina de isolamento.
Segundo as vítimas, Paulo marcava a evolução espiritual de cada uma pelo que ele chamava de "frequência." Quanto mais alta a “frequência”, mais próxima a pessoa estaria de alcançar a suposta paz espiritual que ele dizia ter atingido.