FIM DA INCERTEZA

DNA encerra Caso Leandro Bossi 30 anos depois do desaparecimento da criança

Sumiço ocorrido no Paraná mobilizou o Brasil. Circunstâncias em que foram achados os restos mortais e local ainda não foram informados pelo governo paranaense

O menino Leandro Bossi, desaparecido em 1992..Créditos: Divulgação
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O governo do Paraná informou na tarde desta sexta-feira (10) que um caso de repercussão nacional ocorrido em 1992, o desaparecimento do menino Leandro Bossi, na cidade de Guaratuba, teve uma mudança: um exame de DNA realizado numa ossada encontrada no Estado confirmou que aqueles restos mortais são da criança. As autoridades não informaram em que circunstâncias e onde foram encontrados os ossos.

Leandro sumiu no dia 15 de fevereiro de 1992, aos sete anos, e desde então nunca mais houve qualquer informação sobre o menino. Seu desaparecimento ocorreu duas semanas antes do de outro garoto, Evandro Ramos, na mesma cidade, que se tornou um dos temas policiais mais conhecidos e criticados do país nas últimas décadas, envolvendo uma suposta trama política entre famílias rivais, supostos rituais macabros, com confissões sob tortura, prisões injustas e cinco julgamentos, com muitas anulações, sentenças e outros percalços.

O anúncio foi feito pelo secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita, que frisou a participação de agentes da Polícia Científica, Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride) e da Polícia Federal. Para ele, ainda que o crime esteja prescrito, a confirmação do exame mudará o que se sabe até aqui sobre o assassinato. O responsável pela análise disse que a compatibilidade do material genético com o da mãe da vítima foi de 99,9%.

“A metodologia que submetemos não obteve DNA viável, perfil genético viável, das amostras que foram pesquisadas. A seguir foram encaminhadas para a análise de DNA mitocondrial, uma técnica muito mais sensível, que permite a detecção mesmo em amostras muito limitantes e degradadas, como se trata do caso em questão”, esclareceu Marcelo Malaghini, chefe do Laboratório de Genética Molecular Forense da Polícia Científica do Paraná.

Reação da família

A delegada Patrícia Nobre, que dirige o Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), disse que os familiares foram avisados muito antes do anúncio oficial feito pelo secretário de Segurança Pública nesta sexta-feira (10). Para a policial, aquele momento foi uma certeza que, de alguma forma, aliviou os pais do menino desaparecido.

“Eles se comportaram de maneira emocionada, como não poderia deixar de ser. Era uma família que esperava uma resposta do estado. Num primeiro momento, ficaram agradecidos por terem uma resposta mesmo 30 anos depois”, revelou Patrícia.

Casos em série

O começo da década de 1990 foi marcado por várias desaparições de crianças no Estado do Paraná, especialmente na região de Guaratuba. Os casos de Leandro Bossi e Evandro Ramos foram os mais notórios, com destaque para o segundo, que por décadas mobilizou a opinião pública em julgamentos marcados por arbitrariedades e violações ao direito de defesa dos acusados, que seguem por 30 anos afirmando que foram torturados para que confessassem. Fitas com as gravações das torturas surgiram anos depois e confirmaram que os investigados eram submetidos a terríveis sessões de espancamento e outras crueldades para que assumissem a autoria da morte do menino.