Ganhou repercussão nas redes sociais nesta segunda-feira (6) um vídeo em que o diretor-presidente do banco Bradesco, Octavio de Lazari Junior, aparece fazendo um discurso de exaltação á Forças Armadas. Na gravação, Lazari comenta sobre o período em que serviu ao Exército e diz que segue "de prontidão".
"Sou o CEO presidente do banco Bradesco, onde trabalho há 43 anos. Mas há quatro décadas, eu me apresentava assim: soldado 939 Lazari, ao seu comando", diz Lazari no vídeo. Ele afirma que os anos no quartel teriam lhe ensinado valores e que foi um "privilégio" ter servido ao Exército.
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O vídeo traz o logotipo do Bradesco no topo da tela e a fala traz um depoimento que parece ser institucional. "Esses princípios, que se consolidaram ao longo dos anos, foram fundamentais para que eu pudesse construir a minha carreira, aqui no Bradesco e no mercado, mas também talhar meu caráter", diz Lazari.
Após a repercussão negativa, o Bradesco afirmou que o vídeo é de caráter pessoal do CEO da empresa. O banco, no entanto, não explica por que o logo foi inserido - o que indica que a equipe da instituição trabalhou na elaboração do vídeo.
Em mensagem enviada a amigos pelas redes sociais, Lazari afirma que gravou o vídeo a pedido do comandante do batalhão em que ele prestou serviço militar. A gravação seria um estímulo aos recrutas. Segundo o presidente do Bradesco, a gravação deveria circular internamente e acabou vazendo.
O vídeo chamou a atenção de opositores do governo Jair Bolsonaro por indicar mais uma aproximação do Bradesco com a agenda do governo. No Fórum Econômico Mundial de Davos, em maio, o executivo minimizou as ameaças antidemocráticas de Bolsonaro e disse que "o sentimento deles é de que o Brasil tem uma democracia consolidada". Lazari celebrou a vitória de Bolsonaro em 2018.
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Paulo Rodrigues, viu no vídeo de Lazari uma fala golpista. "Fomos surpreendidos. Na véspera de uma eleição, o presidente do Bradesco fazer propaganda das Forças Armadas, em especial do Exército, que teve um comportamento ridículo na pandemia, além de desnecessário, é criar ideia de que os bancos, assim como o exército, querem participar de uma forma do processo eleitoral. É uma aliança promíscua que constrange a democracia. Na véspera de uma eleição, nos cheira a uma fala golpista. Tomara que a história nos diga diferente”, disse Rodrigues ao Blog do Noblat, no Metrópoles.