CENSURA

Censura: Shopping em Fortaleza proíbe venda de camisetas do Lula

A Casa das Xicas, que vendia o produto confeccionado por Bárbara e Téssie, é uma loja colaborativa, com outras 29 empreendedoras

Camiseta do Lula.Créditos: Divulgação
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As irmãs e sócias Bárbara Oliveira e Téssie Oliveira, colaboradoras de uma loja no Shopping Benfica, em Fortaleza, que trabalha com camisetas de cunho político, entre elas as do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), receberam um comunicado de direção proibindo a comercialização dos produtos no local.

“Já havíamos sido avisadas no mês passado que elas não poderiam ficar expostas na vitrine, mas nessa semana tivemos esse decreto”, escreveu em postagem no Instagram.

Ela postou ainda que já havia sido comunicada previamente sobre não deixar as camisas do petista em evidência. “Eles chegaram na loja e pediram: 'Olha, a gente gostaria de pedir para que vocês evitassem colocar tantas camisas de cunho político na vitrine”.

“Nessa semana tivemos a triste notícia de que nossas camisas, as do Lula principalmente, estavam proibidas de serem comercializadas no Shopping Benfica, já havíamos sido avisadas no mês passado que elas não poderiam ficar expostas na vitrine, mas nessa semana tivemos esse decreto”, escreveu.

Ela afirmou ainda: “infelizmente vivemos em um Brasil que permite essas coisas, lamentamos profundamente a CENSURA que passamos, a ponto de ser dito à responsável pela Casa de Xicas que nenhum produto com a cor vermelha poderia ser vendido na loja”.

Para elas, “a Casa das Xicas tem duas mulheres negras e periféricas à frente, esse fato objetivamente impacta tanto na questão econômica da loja assim como toda a construção dessas mulheres empreendedoras”.

“Infelizmente não fazemos mais parte da Casa de Xicas, pois sabemos que até o processo eleitoral findar, todas as nossas camisas poderão sofrer censura uma vez que todas elas carregam o nosso viés de esquerda” disseram ainda.

A administração do local aumentou o valor do aluguel pago pela loja colaborativa no início do mês. Bárbara detalha que, antes disso, foi solicitado o balanço financeiro do empreendimento. “A gente sabia exatamente que, de repente, esse aumento de aluguel poderia ser uma consequência de estar querendo estrangular a Casa de Xicas, querendo estrangular indiretamente a Oliveira Camisaria, por conta das camisas. Então, findou o mês de junho e culminou com essa notícia, nós fomos comunicadas terça-feira dessa proibição”.

A Casa das Xicas

A Casa de Xicas é uma loja colaborativa, na qual Bárbara e Téssie faziam parte, com outras 29 empreendedoras. Bárbara afirma que Neide Rodrigues, a representante da loja, estava “muito abalada” com a decisão. “Porque o projeto Casa de Xicas ele é um projeto grandioso no sentido de dar voz, de dar espaço às mulheres empreendedoras, negras, periféricas, e pra ela foi muito difícil ter essa conversa, saber que nós estamos saindo de um espaço, saber que a gente precisa sair de um canto, de certa forma porque estão nos censurando, porque estão nos proibindo de vender os nossos produtos. Que essa questão de vivermos em uma democracia é uma falácia”, justifica.

O que diz o shopping

O shopping Benfica declarou ao jornal O Povo que em virtude de manter “o bom relacionamento entre funcionários e clientes” optou por proibir o comércio de produtos de cunho político no local.

Leia a íntegra:

O Shopping Benfica é um empreendimento de responsabilidade social e cultural.

Com o fim de manter o equilíbrio e o bom relacionamento entre locatários, funcionários e clientes, é parte das atribuições da administração do shopping fazer cumprir as Normas Gerais. Uma delas é de não haver comercialização de produtos de cunho político, de qualquer natureza.

Há 23 anos, o Shopping Benfica respeita e convive com todas as formas de pensar.

Todos continuarão a ser sempre bem-vindos.

A administração