Até agora, cinco suspeitos de envolvimento nos assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips foram presos. Mas o caso não termina dessa forma.
Testemunhas se sentem abandonadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). Estão com medo e pedem ajuda. Esse grupo auxiliou nas buscas desde os primeiros momentos de investigação dos crimes até encontrarem os corpos, passando por indicar a rede criminosa que atua dentro da Terra Indígena (TI) Vale do Javari, no Amazonas.
Pelo menos oito indígenas querem ingressar no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH).
“Eu não sei mais quem está envolvido no assassinato do Bruno e do Dom que possa está solto por aí”, revela um indígena, que prefere não se identificar, em entrevista a Cicero Pedrosa Neto, no site Amazônia Real.
Ele esteve com Bruno e Dom até minutos antes da partida dos dois à comunidade São Rafael, em 5 de junho, quando foram assassinados pelos réus Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, e Jefferson da Silva Lima. A testemunha indígena integra a Equipe de Vigilância da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), um grupo que, na ausência do poder público, tenta proteger as comunidades da TI Vale do Javari.
“A gente não tem segurança para nada, eu vivo com medo agora… por mim e pela minha família. Ainda tem gente solta e ninguém sabe o que eles podem fazer contra nós”, afirma ele.
Por conta própria, indígena se refugia com a família sem apoio, inclusive para seu sustento
A testemunha resolveu se refugiar com a família em uma aldeia de seu povo por conta própria, sem receber apoio, inclusive para seu sustento, longe da área urbana.
Na região de Atalaia do Norte, onde se concentra a maior parte da TI Vale do Javari, depois do desmonte do cerco policial, indígenas e ribeirinhos estão desprotegidos, especialmente pela ação de uma estrutura que se alimenta de crimes, como a pesca ilegal de pirarucu, o narcotráfico na fronteira Brasil-Peru-Colômbia e o garimpo em áreas de TI.