FIM DO PANTANAL

Depois de defender fila dos ossos, governador do Mato Grosso libera pecuária no Pantanal

Lei derruba restrições para uso de agrotóxicos e vai afetar comunidades tradicionais que nunca foram consultadas. Dias atrás, Mauro Mendes elogiou a fila dos ossos em açougues no estado

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Sob críticas de dezenas de entidades ambientalistas, o governador do Mato Grosso Mauro Mendes (União Brasil) sancionou o Projeto de Lei (PL) 561/2022, que libera a pecuária extensiva em Áreas de Preservação Permanente (APP) no Pantanal. A sanção foi publicada na quinta-feira (4) no Diário Oficial. No início da semana, Mendes havia elogiado as filas para receber doações de ossos em Cuiabá, porque, para o governador, o açougue distribuiu ossos de “qualidade” aos moradores. 

O texto, que altera a Lei do Pantanal, permite a utilização de até 40% das propriedades em áreas alagáveis para pastagem, suspende restrições para uso de agrotóxicos e dá permissão para mineração e empreendimentos ligados ao turismo.

Mais de 40 entidades populares e socioambientais afirmam que as mudanças representam a legalização da degradação ambiental e aceleram o colapso ambiental do Pantanal, segundo reportagem do Brasil de Fato. A pecuária extensiva aumenta os riscos de incêndios, como o que destruiu 26% da cobertura vegetal do bioma em 2020. 

Já o texto do PL justifica que a pecuária extensiva é uma "atividade de baixo impacto" que "auxilia a manter a biodiversidade biológica". No Pantanal, é "totalmente inviável cercar toda área considerada de preservação permanente", diz trecho do PL. 

“Ossobuco”

Ele chegou a comparar os ossos distribuídos no açougue de Cuiabá  ao ossobuco. Mauro Mendes disse que os ossos distribuídos pelo açougue dão um “prato delicioso” e que são consumidos em restaurantes como “ossobuco”, corte de carne em rodelas que inclui ossos, tradicional na Itália.

Veja a diferença entre o prato italiano ossobuco e os ossos distribuídos em açougues no país atualmente: