MERITOCRACIA?

Bolsonarista, fundador da Ricardo Eletro vira “coach” após afundar negócio

Empresário deixou mais de 6 mil pessoas aguardando uma palestra online e é acusado de sonegar impostos

Ricardo Nunes, fundador da Ricardo Eletro, em vídeo no seu canal de youtube.Créditos: Reprodução / Youtube/ricardonunes
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Em julho passado o empresário Ricardo Nunes, de 52 anos, e fundador da Ricardo Eletro, deixou mais de 6 mil pessoas que haviam comprado seu curso esperando-o online para não aparecer. Ele se tornou “coach” de vendas e finanças após sua empresa beirar a falência, com acusações de sonegação de impostos que inclusive o levaram preso. Nunes deixou de comandar a empresa que fundou em 2018.

O curso online, intitulado “Explosão de Vendas”, seria reproduzido no Youtube de Nunes onde possui cerca de 20 mil inscritos, e duraria três dias. No Instagram ele coleciona mais de 180 mil seguidores.

De acordo com apuração do Estadão, o novo negócio de mentoria online, via redes sociais, têm sido bastante lucrativo para o empresário que hoje “dribla repetidos pedidos de falência” da Máquina de Vendas, empresa dona da Ricardo Eletro. Ele utiliza as redes sociais para vender seus cursos. Ricardo Nunes começou as novas atividades após se envolver uma série de escândalos e ver sua empresa afundar. Só em junho deste ano, ele foi denunciado por suspeita de sonegação. O montante seria sonegado seria de apenas R$86 milhões. Mas não foi a primeira denúncia do tipo que o empresário sofreu.

Em julho de 2020 Nunes foi alvo de uma operação da polícia civil de Minas Gerais contra esquemas de lavagem de dinheiro e acabou preso. Na ocasião, a empresa Ricardo Eletro era acusada de sonegar R$400 milhões ao longo de 5 anos enquanto seu CEO, Pedro Bianchi, defendia nos meios de comunicação que trabalhadores deveriam ter menos direitos para que houvesse mais empregos. Nunes foi preso em São Paulo apenas da operação ser mineira e meses depois, em setembro, foi solto após prestar depoimento à polícia em Belo Horizonte.

Em recuperação judicial desde então, todas as lojas físicas da empresa foram fechadas e os novos gestores tentam levantar os negócios online, explorando a modalidade e-commerce. No plano de recuperação judicial estava previsto o pagamento antecipado de encargos trabalhistas devidos a mais de três mil funcionários.

A Ricardo Eletro faz parte do grupo de empresas que defendem ou já defenderam o presidente Jair Bolsonaro, junto com Centauro, Havan, Smart Fit, entre outras. A página no Facebook do grupo de empresários do Brasil 200, por exemplo, que apoiou atos golpistas contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, já compartilhou notícias favoráveis a Pedro Bianchi, CEO da Ricardo Eletro.