Os cortes na educação básica e superior que aconteceram durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) geraram resultados preocupantes entre os anos de 2019 a 2022. O relatório "Pobreza Multidimensional na Infância e na Adolescência no Brasil", lançado pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef), apontou que o analfabetismo está em uma linha crescente no país e dobrou durante o mandato do ex-presidente.
O levantamento, que foi divulgado nesta terça-feira (10), interpreta diversas facetas da pobreza e como ela afeta as vivências e experiências das crianças e adolescentes no Brasil.
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Essa percepção mais ampla, que inclui acesso à diversos direitos básicos previstos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), permite que se tenha uma noção panorâmica dos déficits socioeconômicos.
De acordo com o relatório, são quase 32 milhões de jovens que não têm garantia de um ou mais direitos, que são distribuídos em acesso à saúde, educação, saneamento básico e moradia.
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Em 2019, 39,5% das crianças e adolescentes não possuíam rede de esgoto em suas casas. A situação mudou pouquíssimo mesmo com o mandato quase completo de Bolsonaro, com o ano de 2022 registrando, ainda, 37% de jovens sem saneamento básico.
Outra informação relevante é que a população infanto-juvenil mais privada de seus direitos continuou sendo a que reside nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Outro levantamento de 2021, realizado pela ONG Fundação Abrinq, apontou que quase 11 milhões de crianças se encontravam em condições de extrema pobreza no país, em meio à pandemia de Covid-19.
A falta de amparo e de aplicações de políticas públicas fez com que este número fosse 40% maior do que o ano anterior. Além disso, segundo o relatório, crianças e adolescentes com faixa etária de 0 a 14 anos viviam com apenas R$ 11 por dia.
Ainda em 2021, 73 milhões de brasileiros sobreviviam com apenas meio salário mínimo, que girava em torno de R$ 550, na época. Tal situação expõe o despreparo e descaso por parte do governo com os direitos humanos básicos, frente à uma crise sanitária mundial.
Saúde mental e desigualdade social entre os jovens
No dia 10 de outubro é comemorado o Dia Mundial da Saúde Mental. Porém, muito mais do que ter a terapia em dia, condições básicas de sobrevivência também afetam a saúde mental das crianças e dos adolescentes.
Uma pesquisa feita pela ONG Plan International, que entrevistou crianças e adolescentes do Brasil, da Índia e do Quênia, revela que a qualidade da saúde mental está diretamente ligada com a pobreza.
Situações como a falta de acesso aos meios de sobrevivência básicos, falta de autonomia e a violência de gênero sofrida por essas crianças são as maiores preocupações e os maiores motivos que afetam a saúde mental infanto-juvenil, segundo o levantamento.
Embora uma boa estrutura familiar e uma rede de apoio afetuosa também sejam necessárias para construir um adulto saudável mental e psicologicamente, o acesso à educação, ao trabalho digno e valorizado, à saúde, à moradia e à segurança alimentar são fatores que influenciam nesta plenitude psicológica.