TIROTEIO

Agente morta em tiroteio nos Jardins era conhecida por resolver crimes: "eu amo a polícia"

A mãe de Milene se espantou com a quantidade de colegas, autoridades e homenagens durante o velório: "Não sabia que ela era tão querida assim”

Milene Bagalho.Créditos: Redes Sociais
Escrito en BRASIL el

A policial civil, Milene Bagalho Estevam, 39, morta durante um tiroteio nos Jardins, bairro nobre de São Paulo, na tarde deste sábado (16), era conhecida por seus colegas por resolver homicídios e latrocínios.

Shirley Bagalho Stevam, 75, mãe de Milene, se espantou com a quantidade de colegas, autoridades e homenagens durante o velório, que ocorreu na tarde deste domingo (27), em São Paulo. "Não sabia que ela era tão querida assim. Isso que me consola agora", disse ao UOL. 

Milene trabalhava como advogada antes de ser policial. "Depois de um tempo ela foi prestar concurso porque começou a namorar uma pessoa que prestou e se entusiasmou em fazer também", diz a mãe.

Shirley lembra que não queria que a filha fosse policial por saber dos "riscos" que estaria sujeita. "Mas ela dizia: 'eu amo a polícia'."

A mãe revelou ainda que ela tinha um ateliê na casa dela e chegou a "ganhar muito dinheiro" fazendo bolos.

A mãe da policial conta que ela amava o que fazia. “O diretor do Deic [Departamento Estadual de Investigações Criminais] disse que entre dez investigações que ela e o parceiro pegavam, resolviam oito (...) Era era uma filha exemplar, uma mãe exemplar. Fizemos uma tatuagem juntas no braço. Onde ela ia, eu estava junto. Era uma pessoa muito especial”, contou.

O tiroteio

O tiroteio nos Jardins que resultou na morte da policial Milene, do empresário Rogério Saladino, de 56 anos, proprietário do imóvel, e de seu vigilante particular, Alex James Gomes Mury, de 49 anos, foi uma grande confusão. Uma lambança sem precedentes.

Nem o empresário e muito menos seu segurança eram suspeitos de nada, procurados por nada. Milene e um outro policial civil que estava com ela investigavam roubos de residências. Eles buscavam pistas de criminosos que haviam invadido uma casa e furtado um veículo e pertences no dia anterior.

Os dois estavam em um carro descaracterizado, usavam distintivos da Polícia Civil e se identificaram como investigadores para moradores das residências vizinhas a quem pediram imagens de câmeras de segurança que possam ter gravado os bandidos.

Desconfiou de roubo

Neste momento, os dois investigadores viram o vigilante Alex numa moto, pediram para ele vídeos da câmera da mansão para auxiliar no trabalho. Ele entrou no imóvel, falou com um segurança da guarita, que por sua vez pediu que o dono da residência fosse avisado. Rogério foi até a guarita, que é blindada, viu os dois agentes, mas desconfiou que eles não fossem policiais, mas sim bandidos que estavam lá para roubar sua residência.

O empresário, então, deu tiros de advertência para o alto para que os policiais, que acreditava serem falsos, fossem embora. A seguir, abriu o portão eletrônico da mansão e saiu atirando em Milene, que nem sequer teve tempo de sacar a arma e reagir. Ela foi encaminhada para a Santa Casa de Misericórdia, mas não resistiu e morreu.

Dentro da casa foram encontradas armas, maconha e algumas outras drogas. Quatro armas serão periciadas pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), duas que estavam com os policiais e outras duas que eram do dono da mansão.

Rogério Saladino também é proprietário de uma residência em um condomínio de alto padrão em Trancoso, na Bahia. No local, ele sediava festas badaladas com presença de empresários e personalidades.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, Saladino possuía passagens por homicídio, lesão corporal e crime ambiental. Segundo a família, o homicídio refere-se a um atropelamento ocorrido na estrada de Natividade da Serra (SP) há 25 anos. A assessoria da família disse tratar-se de uma "fatalidade, na qual o empresário Rogério socorreu a vítima".

Veja o vídeo abaixo:

Parentes lamentaram as mortes

Os parentes do empresário lamentaram em nota as mortes dele e das outras duas pessoas:

"Agradecemos as manifestações que temos recebido nas últimas horas e pedimos que a intimidade da família seja preservada diante da tragédia ocorrida ontem. Rogério Saladino era um empresário de sucesso, empreendedor que confiava no Brasil. A tragédia ocorrida ontem ceifou a vida de uma competente policial civil, de um profissional que trabalhava na residência e do próprio Rogério Saladino", informa o comunicado.

Investigadora deixa filha de 5 anos

A Polícia Civil confirmou a morte de Milene no X (antigo Twitter). De acordo com a publicação, ela era policial havia sete anos e deixa uma filha de 5 anos.

"É com imenso pesar que a Polícia Civil informa que a investigadora Milene Bagalho Estevam faleceu ontem, 16/12, no cumprimento da função", informa trecho do comunicado. "A Polícia Civil presta os mais sinceros sentimentos de solidariedade à família e aos amigos."

Com informações do g1 e do Estadão e do UOL

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