TERRORISMO

Crise no RN: policiais antifascistas comentam causas do terror no estado

Crise no sistema prisional se extrapolou para fora das cadeias e causa pânico

Ministério da Justiça enviou policiais para conter crise; especialistas afirmam que mudança estrutural é necessária nas cadeiasCréditos: Marcelo Camargo/Agencia Brasil
Escrito en BRASIL el

Os policiais Fernando Alves e Pedro Chê, que fazem parte do Movimento Policiais Antifascistas, comentaram a crise de segurança pública no Rio Grande do Norte em entrevista ao Fórum Onze Meia desta quinta-feira (16).

Desde terça-feira (14), ataques violentos têm se espalhado pelas cidades potiguares. O principal alvo dos criminosos são ônibus de transporte público, mas prédios públicos também foram depredados. Mais de 40 pessoas foram presas e dois homens foram assassinados em operações policiais. 

O ministro da Justiça, Flávio Dino, enviou cerca de 100 agentes da Força Nacional para combate à violência generalizada. Os ataques foram registrados em Natal, Acari, Boa Saúde, Caicó, Campo Redondo, Cerro Corá, Jaçanã, Lajes Pintadas, Montanhas, Mossoró, Parnamirim, Santo Antônio, Tibau do Sul e São Miguel do Gostoso.

Crime organizado

Os policiais antifascistas reforçaram a versão de que os ataques estão relacionados ao crime organizado. Fernando Alves, que é professor de direito da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte e delegado da polícia civil, apontou que políticos de direita já estão se aproveitando do fato.

"O Weldon Lagartixa é um exemplo claro. Eles estão se aproveitando do caos para ganhar dividendos políticos. Eles estão se aproveitando de ônibus queimado para fazer valer seu discurso autoritário, fascista e incompetente”, completa. Weldon Lagartixa foi candidato a deputado estadual, mas teve sua candidatura impugnada por ter sido condenado por homicídio e membro do PL.

Segundo Pedro Chê, historiador e policial civil, os ataques terroristas são manifestações em defesa de direitos de presos. “A classe prisional estaria descontente com seu convívio dentro dos estabelecimentos penais e teria articulado essa ação como uma forma de manifestação política a partir de terrorismo”, completa.

Os ativistas ressaltaram que, sem uma reforma no sistema prisional, esses casos continuarão ocorrendo. "No momento que você tem um presídio com comida estragada, falta d’água e sem assistência médica, óbvio que a lei não está sendo aplicada. Assistência ao apenado não dá voto. Independentemente da posição partidária, seja de esquerda ou direita. A discussão sempre foi repressiva”, explica Alves.

“Como equacionar manutenção da ordem e a consecução de direitos aos apenados? Governos progressistas estão se rendendo à repressão”, completou. 

Confira o vídeo completo com a análise dos policiais antifascistas no Fórum Onze e Meia: