Os advogados que atuam como assistentes de acusação no caso de Marcelo Arruda, guarda municipal e ex-tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR) que foi assassinado em julho de 2022 durante sua festa de aniversário, se manifestaram em nota oficial sobre o fato da defesa do bolsonarista Jorge Guaranho, o responsável pelo homicídio, ter abandonado o Fórum da cidade, nesta quinta-feira (4), ainda no início do primeiro dia de julgamento do caso. Com a atitude, o júri popular foi adiado para 2 de maio.
Logo na abertura dos trabalhos do Tribunal do Júri, a defesa de Guaranho listou uma série de questionamentos que buscavam adiar o julgamento. O juiz Hugo Michelini Junior não acatou as solicitações e os advogados do bolsonarista, então, abandonaram a sala. O fato foi repudiado por Alessandra Raffaelli Boito e Rogério Oscar Botelho, os assistentes de acusação que representam a família de Marcelo Arruda no processo. Em nota, manifestaram "absoluta discordância com o abandono de plenário realizado pela defesa de Jorge Guaranho".
Entre as alegações para o abandono do Tribunal do Júri, a defesa de Guaranho disse que uma testemunha-chave não chegou a tempo de participar da oitiva, que seria realizada ainda pela manhã.
"Com relação à não localização da testemunha arrolada pela defesa, cumpre destacar que referida intimação negativa foi juntada aos autos dois dias antes da data do julgamento, razão pela qual a defesa poderia ter manifestado seu interesse antes da data da sessão, caso quisesse garantir o andamento do júri, uma vez que o acusado, que está preso, foi trazido para Foz do Iguaçu apenas para participar do julgamento, assim como sua própria família, que se deslocou do Rio de Janeiro para esta comarca com o intuito de acompanhar a sessão do Tribunal do Júri", rebatem os advogados da acusação.
Em outra alegação, a defesa de Guaranho, que está preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, desde agosto de 2022, afirma que ele só chegou na noite desta quarta-feira (3) a Foz do Iguaçu e não tiveram tempo de conversar para acertar a estratégia.
Os advogados que representam a família de Marcelo Arruda rechaçam:
"Com relação à intimação feita no dia anterior ao julgamento para que o acusado comparecesse à sessão plenária, a assistência de acusação esclarece que o júri está agendado desde o dia 29 de novembro de 2023, não havendo qualquer surpresa relacionada à participação do acusado no julgamento, até porque, caso não fosse de seu interesse participar presencialmente, isto poderia (e deveria) ter sido comunicado ao Juízo e evitado o seu deslocamento para Foz do Iguaçu".
E finalizam:
"Estes assistentes de acusação manifestam seu mais profundo pesar pela família e amigos de Marcelo Arruda, que, há quase dois anos, sofrem a espera pelo julgamento e, agora, precisarão aguardar mais um longo mês antes de, finalmente, presenciar a condenação do assassino, embora a dor pela perda de seu ente querido permaneça por toda a vida".
O assassinato
Marcelo Arruda, que era guarda municipal e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), foi assassinado a tiros por Jorge Guaranho na noite de 9 de julho de 2022, durante sua festa de aniversário que tinha decorações alusivas a Lula e ao PT. O bolsonarista invadiu a festa, realizada na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu, e efetuou vários disparos.
Segundo o boletim de ocorrência, Guaranho chegou ao local com a esposa e um bebê no carro e desceu armado, gritando: "aqui é Bolsonaro".
Marcelo Arruda morreu ainda durante a madrugada, após ser levado ao hospital. Ele deixou esposa e quatro filhos, um deles ainda bebê.