Um avião despencando do céu como uma folha seca de outono, em rodopios, completamente sem reação, caindo no chão em Vinhedo, SP, matando as 62 pessoas a bordo, entre passageiros e tripulantes.
O que poderia ter causado o acidente? A pergunta que intriga a todos desde exatamente um mês atrás, em 9 de agosto, está mais próxima de encontrar sua resposta.
Um relatório preliminar divulgado na sexta-feira, dia 6, pelo Cenipa, órgão de prevenção e investigação de acidentes aéreos, auxilia os experts em suas análises.
O avião, um modelo ATR 72-500, se preparava para iniciar o procedimento de pouso, virando ligeiramente à direita, quando repentinamente mudou de direção e se inclinou fortemente à esquerda.
O professor do Departamento de Engenharia Aeronáutica da USP de São Carlos, James Rojas Waterhouse, em depoimento à Folha, descreveu dois cenários possíveis:
O primeiro em que o piloto automático eventualmente tenha sido desligado no momento em que a aeronave fazia uma curva à direita e começava a descer. Na segunda hipótese, na mesma manobra, o comando já estaria no manual. Nos dois casos, a inclinação abrupta para a esquerda poderia ter provocado um "coice do manche" com força suficiente para tornar o equipamento incontrolável.
O acúmulo de gelo sobre as asas pode ter causado um evento conhecido como "reversão de comando", provocando "um violento esforço nos controle de aileron [peça na asa para controlar o voo] para algum lado, causando um stall [perda de sustentação]".
"Pede-se que o piloto segure firmemente os controles antes de desligar o AP, pois se ocorrer a reversão, ele pode segurar, mas a força no manche pode ser muito forte", comenta Waterhouse.
O manche é o comando que dita as manobras de subida, descida e de estabilização lateral das aeronaves. Travado, não há o que fazer e o avião fica fora de controle dos pilotos.
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