SÃO PAULO

219 metros, 39 andares: o maior prédio de São Paulo vai receber até 10 mil pessoas por dia

Construída na Zona Sul, a torre faz parte de um complexo que une escritórios, comércio e áreas verdes

Créditos: Divulgação
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Um novo arranha-céu começa a dominar o horizonte da zona sul paulistana. Em construção na Avenida das Nações Unidas, o Alto das Nações terá 219 metros e 39 andares, tornando-se o edifício mais alto da cidade. O projeto faz parte do complexo Paseo Alto das Nações, um empreendimento da WTorre que reúne torres residenciais, um centro comercial e um parque aberto ao público.

O edifício corporativo deve ser concluído até o final de 2025 e terá capacidade para receber cerca de 10 mil pessoas por dia. O empreendimento ocupa o terreno onde funcionou a primeira loja do Carrefour no Brasil e é apresentado como símbolo de modernização e requalificação urbana.

Especialistas em urbanismo, no entanto, apontam que projetos dessa escala aprofundam o desequilíbrio no desenvolvimento urbano. Enquanto novas torres de luxo se multiplicam, São Paulo enfrenta um déficit habitacional que pode chegar a 462 mil domicílios até 2030, segundo estimativas da Fundação João Pinheiro.

Além disso, um levantamento realizado pela UFMG no incio deste ano, identificou quase 100 mil pessoas em situação de rua na capital paulista, o maior número já registrado.

Verticalização e desigualdade

O Alto das Nações deve ultrapassar o Platina 220, na zona leste, atual recordista com 172 metros. As obras começaram em 2021 e seguem em ritmo acelerado, com cada laje de 2,5 mil metros quadrados sendo concluída em cerca de dez dias.

Embora o projeto prometa revitalizar a região e gerar empregos, urbanistas alertam que a concentração de investimentos em áreas já valorizadas reforça o processo de gentrificação, afastando moradores de baixa renda e pequenos comércios. A verticalização avança enquanto programas de habitação popular, como o Pode Entrar, enfrentam cortes e lentidão na execução.

O edifício contará com 33 elevadores, teatro, áreas comerciais e um mirante 360º com piso de vidro aberto ao público. Com sua inauguração, São Paulo ganhará um novo marco arquitetônico — mas também um retrato da distância entre o crescimento imobiliário e o direito à moradia digna.

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