SÃO PAULO

Crise do metanol: "é pouco crível" que não haja ligação com o PCC, diz Pedro Serrano

Jurista questiona hipótese do governo Tarcísio de que não há relação entre falsificação e crime organizado

Créditos: Reprodução / Youtube
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O jurista e advogado Pedro Serrano, um dos maiores constitucionalistas do Brasil, questionou a hipótese do governo Tarcísio de negar o envolvimento entre o PCC e a crise de falsificação de bebidas que levou à morte de cinco pessoas em São Paulo e a centenas de intoxicações ao redor do país.

Nesta sexta-feira (10), a Polícia Civil encontrou uma fábrica clandestina de bebidas alcoólicas em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Na operação, foi constatado que etanol de posto de gasolina estava sendo adicionado às bebidas e que este composto já havia sido adulterado anteriormente com metanol.

O combustível era então misturado a bebidas como vodka e posteriormente comercializado em diferentes pontos da Grande São Paulo.

Logo após a eclosão da crise, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) veio a público afirmar que não existiam indícios de que a falsificação de bebidas estaria ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

"Tem-se especulado sobre, e aí agora tem esse negócio em São Paulo, tudo que acontece é PCC", afirmou o governador em 30 de setembro. "Tem especulado sobre a participação do crime organizado nessa adulteração de bebida. Só para deixar claro, não há evidência nenhuma de que haja crime organizado nisso".

Contudo, as novas descobertas da operação — que conectam a falsificação de bebidas à adulteração de combustíveis em postos de gasolina — remontam à Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, que revelou um grande esquema do PCC envolvendo o controle de postos de reabastecimento e a Faria Lima.

"A polícia científica concluiu que o metanol não foi resultado do processo de destilação 'mal cortado' nem, provavelmente, resíduos de limpeza das garrafas. A hipótese mais provável é adição involuntária junto com etanol de postos de combustíveis. Só o que me parece pouco crível é que falsificação de combustíveis em SP se realize nos territórios do PCC sem sua autorização com evidente participação. Ninguém faz crime em associação no território de uma facção 'de graça'!", afirmou o jurista.

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