Um protesto contra projetos de concessão parcial do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) à iniciativa privada e o Código Municipal de Limpeza Urbana foi alvo de violenta repressão na Câmara Municipal de Porto Alegre (RS) nesta quarta-feira (15).
Cinco vereadores e um deputado estadual ficaram feridos após a Guarda Civil Metropolitana, por meio da Ronda Ostensiva Municipal (Romu), disparar balas de borracha e spray de pimenta contra o grupo. Os parlamentares acompanhavam manifestantes que tentavam ingressar na Casa para acompanhar a sessão.
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Segundo reportagem do Sul21, uma manifestação de integrantes de cozinhas solidárias, que protestavam em frente à Câmara por melhores condições de atuação, foi impedida de entrar no prédio para acompanhar a votação do projeto de concessão parcial do Dmae. A presidenta da Câmara, a vereadora bolsonarista Comandante Nádia (PL), informou que estava em vigor um novo protocolo de segurança na Casa.
Outra mobilização, de municipários que realizavam uma passeata em direção à Câmara, também foi impedida de adentrar o prédio. A diretoria de segurança da Câmara informou, por volta das 15h, que as galerias do plenário estavam lotadas, mas, segundo a reportagem do Sul21, diversas cadeiras estavam vazias nas galerias.
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Próximo às 16h, a tropa de choque da Guarda Municipal usou bombas contra vereadores na parte externa do prédio da Câmara, no momento em que os parlamentares haviam se retirado da sessão plenária para averiguar a ação do Choque contra manifestantes impedidos de entrar na Câmara.
'Fiquei quase uma hora sem enxergar'
Entre os feridos estão os vereadores Giovani Culau (PCdoB), Erick Dênil (PCdoB), Grazi Oliveira (PSOL), Atena Roveda (PSOL) e Natasha Ferreira (PT), além do deputado Miguel Rossetto (PT). Rossetto foi atingido nas costas enquanto ajudava Culau a se levantar, e as parlamentares do PSOL sofreram os impactos mais graves.
“Fiquei quase uma hora sem enxergar, me recuperando e aliviando a dor. Eu tomei direto no rosto, porque estava na frente do policial... Estou tentando entender por que vereadores foram atingidos no seu local de trabalho”, relatou Grazi Oliveira ao Zero Hora. Ela exibiu hematomas após o tumulto.
O perfil Brasil Fora das Cavernas fez registro de algumas imagens da repressão.
Atena Roveda afirmou ter sido “covardemente agredida pela Guarda Municipal” enquanto negociava a entrada do público, conforme a nota publicada em seu perfil no Instagram.
Já Natasha Ferreira classificou o episódio como “um ataque da prefeitura articulado com a gestão da vereadora Nádia” e defendeu a renúncia da presidenta da Câmara.
"Fui conversar com a Guarda Municipal quando miraram uma arma para acertar o meu rosto, pulei na mesma hora e a bala de borracha atingiu as costas do deputado estadual Miguel Rossetto (PT). E depois, em um segundo momento, acertaram na minha perna. Infelizmente não respeitaram a casa do povo”, relatou o vereador Erick Dênil ao Sul21.