Nesta sexta-feira (17), a Polícia Civil paulista revelou os detalhes de uma operação que teria desmontado uma rede familiar por trás de casos fatais de intoxicação por metanol, adicionado criminosamente a bebidas destiladas, em diferentes regiões da Área Metropolitana de São Paulo. Tudo começou com uma ação no dia 10 deste mês, quando Vanessa Maria da Silva foi presa, e as autoridades então fecharam um galpão clandestino onde sua família produzia bebidas alcoólicas adulteradas.
As investigações apontam que Vanessa, seu marido, seu pai e seu cunhado, junto a outros colaboradores, formavam um grupo que fabricava e distribuía bebidas contaminadas. Esse esquema teria sido responsável por pelo menos três casos graves de intoxicação, sendo duas das vítimas morreram.
Te podría interesar
Ricardo Mira e Marcos Antônio Jorge Junior perderam a vida após consumirem bebidas envenenadas no Torres Bar, na Mooca, zona leste de São Paulo. Esses foram os primeiros óbitos confirmados por metanol no Brasil. Uma terceira vítima, um jovem que tomou uma bebida falsificada num bar do Planalto Paulista, na Zona Sul, ficou cega e permanece internada em estado gravíssimo na UTI.
A família comprava etanol em dois postos de combustíveis, localizados na região do ABC, para criar suas misturas ilícitas. Esses estabelecimentos não têm qualquern conexão com a operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, que apurou fraudes em combustíveis com metanol, tendo fechado centenas de postos no estado. O marido e o pai de Vanessa já possuem antecedentes por falsificação de bebidas, mas apenas ela foi presa até o momento.
Te podría interesar
A polícia identificou também um fornecedor, conhecido como garrafeiro, que adquiria etanol para o grupo, com transferências bancárias comprovando suas compras nos postos investigados.
Na segunda fase da operação, finalizada hoje, os policiais cumpriram mandados de busca em três endereços ligados ao tal garrafeiro, dois do irmão dele e em pontos comerciais, apreendendo diversos materiais e insumos usados na produção das bebidas. A suspeita central é que o laboratório da família abastecia bares com garrafas adulteradas, embora os investigadores ainda busquem conexões com outros casos de intoxicação em São Paulo.
O grupo nega saber que o etanol continha metanol, mas, segundo o delegado-geral Artur Dian, usar esse material para falsificar bebidas, por si só, foi uma escolha que colocou vidas em perigo. Ou seja, um crime contra a saúde pública. A polícia segue trabalhando para esclarecer o alcance do esquema e possíveis ramificações.