SÃO PAULO

São Paulo decide eleições presidenciais? Como votou o eleitor paulista desde 1989

Maior colégio eleitoral do país, São Paulo pesa nas urnas, mas outros fatores também entram em jogo

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Desde 1989, São Paulo é visto como o grande campo de batalha das eleições presidenciais. Com mais de um terço dos votos válidos do Sudeste e cerca de 34 milhões de eleitores, o estado costuma ser tratado como o fiel da balança. Mas, na prática, São Paulo nem sempre escolhe o vencedor nacional, embora frequentemente antecipe o humor político do país.

Na primeira eleição direta pós-ditadura, em 1989, Fernando Collor (PRN) derrotou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tanto nacionalmente quanto em São Paulo, por 57,9% a 42,1%. O resultado consolidou a preferência paulista por perfis liberais e conservadores — algo que atravessaria as décadas seguintes.

Em 1994, Fernando Henrique Cardoso venceu no 1º turno, tanto no Brasil quanto em São Paulo, com 55,74% contra 27,01% de Lula. Quatro anos depois, o tucano repetiu o desempenho, com 59,89% dos votos paulistas, enquanto Lula ficou com 28,84%.

Em 2002, porém, o estado nadou contra a maré. Enquanto Lula vencia o país e chegava à Presidência com ampla vantagem, São Paulo deu 55,4% dos votos a José Serra (PSDB) e 44,6% ao petista.

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A hegemonia conservadora paulista

Nos anos seguintes, São Paulo reforçou sua inclinação à direita. Em 2006, Geraldo Alckmin (PSDB) venceu Lula no estado por 52,26% a 47,74%, mesmo sendo derrotado nacionalmente. O cenário se repetiu em 2010: José Serra (PSDB) superou Dilma Rousseff (PT) em São Paulo por 54,1% a 45,9%, mas perdeu no país.

Em 2014, a diferença se ampliou: Aécio Neves (PSDB) obteve 64,3% dos votos no estado, contra 35,7% de Dilma, que acabou reeleita no Brasil. Quatro anos depois, o movimento antipetista se consolidou: Jair Bolsonaro (PSL) teve 67,9% dos votos paulistas, enquanto Fernando Haddad (PT) ficou com 32,1% — uma das maiores margens da história recente.

Em 2022, São Paulo manteve a resistência ao PT: Bolsonaro (PL) venceu no estado com 55,2%, embora Lula (PT) tenha conquistado a vitória nacional com 44,8% dos votos paulistas.

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Espelho, mas não decisor

Desde 1989, São Paulo votou junto com o vencedor nacional em quatro eleições: Collor (1989), Fernando Henrique Cardoso (1994 e 1998) e Bolsonaro (2018). Nas demais disputas, o estado seguiu um caminho próprio, mantendo preferência por perfis mais liberais e conservadores, mesmo quando o restante do país escolheu a esquerda.

O eleitor paulista, mais urbano e de renda média, costuma reagir com desconfiança a políticas de redistribuição e gasto social, valorizando estabilidade econômica e discurso anticorrupção. Por isso, São Paulo não decide as eleições — mas dita o tom político e econômico do debate nacional.

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