Após a repercussão do caso de agressão contra o professor de Matemática Emerson Teixeira, do Centro Educacional 4 do Guará, no Distrito Federal, na manhã desta segunda-feira (20), alunos do docente foram às redes sociais relatar um histórico de xingamentos e humilhações cometidos por Teixeira.
O professor foi agredido pelo pai de uma aluna que utilizava o celular durante a aula, mas o caso ganhou desdobramento após estudantes darem uma nova versão sobre o ocorrido. Nas redes sociais, uma estudante relatou ser amiga da aluna que usava o celular e afirmou que a menina fazia uso do aparelho pois tinha problema de visão e não conseguia copiar a tarefa do quadro. O celular, então, era usado para que ela pudesse enxergar o conteúdo da aula. No mesmo relato, a estudante revelou um histórico de xingamentos e humilhações de Teixeira contra os alunos.
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A aluna afirmou que o docente se autointitula "professor opressor" e "xinga, grita, abusa do poder, fala coisas desnecessárias na sala e envergonha os alunos na frente dos outros". Nas redes sociais, Teixeira possui um canal no Youtube com o nome de "Professor Opressor", que agora se encontra com os conteúdos ocultos. O site do docente também se encontra fora do ar, apenas com uma mensagem que diz "Devido ao grande número de filhos da put* que morrem de inveja do meu estilo de vida fui obrigado a tirar o site do ar".
Em relação ao ocorrido com sua amiga, a estudante conta que ela estava sem óculos devido a condições financeiras, e que fazia uso do celular durante a aula para copiar os conteúdos. De acordo com a aluna, outros professores sabiam dessa condição e permitiam o uso do aparelho. "Todos os professor estão cientes disso, tanto que já é algo normal. Eles não brigam. Nessa aula, ele [Teixeira] falou: 'Sai dessa porr* de celular e vai copiar agora'", relatou a estudante.
Professor bolsonarista e alvo da PF
No relato, a aluna também cita um episódio em que Teixeira realizou um churrasco em sala de aula para comemorar a eleição de um político. A situação ocorreu em 2018 após a vitória de Jair Bolsonaro (PL) para presidente e o professor chegou a ser alvo de uma apuração da Corregedoria da Secretaria de Educação do DF. Ele sofreu um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e ficou impedido de se manifestar politicamente em sala de aula, além de proibido de filmar seus alunos.
Além disso, em 2020, Teixeira foi um dos investigados pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF) no âmbito do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investigava atos antidemocráticos. A investigação apurava a origem de recursos e financiamento de grupos suspeitos de organizarem atos pedindo o fechamento do STF e do Congresso. Teixeira virou alvo ao lado de personalidades bolsonarstas como o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) e o blogueiro Allan dos Santos.
A agressão
Teixeira foi agredido por Thiago Lênin Sousa, pai de uma aluna do Centro Educacional 4 do Guará, na manhã desta segunda-feira. Câmeras de segurança mostram o momento em que o pai entra na sala da coordenação e ataca o professor, que tenta se proteger. Em depoimento, Sousa afirma que a filha o ligou afirmando que o professor a havia xingado por utilizar o celular. O pai foi levado para 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), onde assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), documento usado para crimes de menor potencial ofensivo.
O caso está sendo investigado pela polícia e pela Coordenação Regional de Ensino (CRE) do Guará, e Sousa vai responder por lesão corporal, injúria e desacato. Já nesta terça-feira (21), a gestão escolar afirmou que fez uma reunião com alunos e responsáveis para ouvir demandas e alinhar orientações sobre situações disciplinares.