CULTURA

‘Eu vou tomar um tacacá’ não é só refrão: a história viva que pode virar patrimônio cultural

Mulheres que preparam e vendem o tradicional tacacá nas ruas da Amazônia podem ter sua atividade registrada como bem imaterial

Créditos: Ascom Sedcon
Escrito en BRASIL el

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) iniciou uma consulta pública para decidir se o ofício das tacacazeiras — mulheres que produzem e vendem o tacacá, prato típico da Amazônia — será reconhecido como patrimônio cultural do Brasil.

A proposta surge após uma pesquisa conduzida em 2024 em parceria com a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). O estudo mapeou o cotidiano das vendedoras e o modo de preparo do tacacá em sete estados da região Norte, registrando como esses saberes são transmitidos entre gerações e se tornaram parte da identidade amazônica.

Símbolo de resistência e cultura popular

Servido quente e preparado com tucupi, goma de mandioca, jambu e camarão seco, o tacacá é vendido em barracas e carrinhos espalhados pelas cidades da Amazônia. Segundo parecer técnico do Iphan, as tacacazeiras “preservam práticas que expressam a história e a vida social urbana da região”, sendo guardiãs de conhecimentos culinários e de uma forma de sociabilidade que resiste ao tempo.

Pesquisadores indicam que o consumo do tacacá remonta ao século 18, entre povos indígenas, e que sua comercialização se fortaleceu entre o fim do século 19 e o início do 20, quando muitas mulheres passaram a vender alimentos nas ruas como forma de sustento. Hoje, a presença das tacacazeiras faz parte da paisagem e da cultura amazônica, combinando tradição, trabalho e identidade regional.

A consulta pública permanece aberta até 19 de novembro, e qualquer pessoa pode participar enviando opiniões e sugestões pelo Protocolo Digital do Iphan ou por e-mail. As contribuições serão avaliadas pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, responsável pela decisão final sobre o registro do ofício como bem imaterial brasileiro.

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